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Iraq
War & Archaeology
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Aniquilando
civilizações
Por
Chalmers Johnson
Fonte:
TomDispatch.com
8 de julho de 2005
Tradução
Imediata
Nos
meses anteriores à sua ordem de invadir o Iraque, George
Bush e seus altos funcionários falaram sobre a necessidade
de preservar o "patrimônio" do Iraque para o povo
iraquiano. Numa época em que falar sobre o petróleo
iraquiano era tabu, o que ele quis dizer com patrimônio
era exatamente isso o petróleo do Iraque. Em seu
"pronunciamento conjunto sobre o futuro do Iraque" de
8 de abril de 2003, George Bush e Tony Blair declararam: "Reafirmamos
nosso compromisso de proteger os recursos naturais do Iraque,
como patrimônio do povo do Iraque, o qual deveria ser usado
somente para benefício desse povo".[1] Com relação
a isso, eles foram fiéis às suas palavras. Na realidade,
entre os poucos lugares protegidos pelos soldados americanos no
início e durante a sua invasão, foram justamente
os campos de petróleo e o Ministério do Petróleo
em Bagdá. Mas o verdadeiro patrimônio iraquiano,
a inestimável herança humana de milhares de anos,
bem, essa é uma outra história. Num período
em que os especialistas norte-americanos advertiam
sobre um futuro "choque de civilizações",
nossas forças de ocupação estavam permitindo
que, talvez, o maior de todos os patrimônios humanos fosse
saqueado e despedaçado.
Temos
visto muitas cenas desanimadoras na TV, desde que George Bush
lançou sua desafortunada guerra contra o Iraque
as imagens de Abu Ghraib, as ruínas de Faluja, os soldados
norte-americanos chutando as portas de residências particulares
e apontando rifles contra mulheres e crianças. Mas poucas
imagens ecoaram tanto, em termos históricos, como aquelas
do saque do museu de Bagdá ou foram esquecidas mais
depressa, neste país.
Ensinando
os iraquianos sobre a bagunça da História
Em
círculos arqueológicos, o Iraque é conhecido
como "o berço da civilização",
com um registro cultural datando de mais de 7.000 anos. William
R. Polk, fundador do Center for Middle Eastern Studies (Centro
de Estudos do Oriente Médio) da Universidade de Chicago,
afirma: "Foi lá, na região que os gregos chamavam
de Mesopotâmia, que a vida, como a conhecemos hoje, começou:
foi lá que o ser humano começou a especular sobre
filosofia e religião, desenvolveu conceitos de comércio
internacional, transformou idéias de beleza em formas tangíveis
e, sobretudo, desenvolveu a habilidade da escrita."[2] Nenhum
outro lugar na Bíblia, exceto Israel, tem mais história
e profecias associadas a si que a Babilônia, Shinar (a Suméria),
e a Mesopotâmia nomes diferentes para o território
que os britânicos, na época da Primeira Guerra Mundial,
começaram a chamar de "Iraque", usando o antido
termo árabe para as terras do prévio enclave turco
da Mesopotâmia (em grego: "entre os rios [Tigre e Eufrates]").[3]
A maioria dos primeiros livros do Gênese tem lugar no Iraque
(vide, por exemplo, Gênese 10:10, 11:31; como também
Daniel 1-4; II Reis 24).
As
mais conhecidas civilizações que formam a herança
cultural do Iraque são os sumérios, acádios,
babilonenses, assírios, caldeus, persas, gregos, romanos,
pártias, sassânidas e muçulmanos. Em 10 de
abril de 2003, num pronunciamento pela TV, o Presidente Bush reconheceu
que o povo iraquiano é "herdeiro de uma grande civilização
que contribui para toda a humanidade."[4.] Apenas dois dias
depois, sob os olhos complacentes do Exército dos EUA,
os iraquianos começariam a perder aquela herança
num turbilhão de saques e incêndios.
Em
setembro de 2004, num dos poucos relatórios auto-críticos
produzidos pelo Departamento de Defesa de Donald Rumsfeld, o "Defense
Science Board Task Force on Strategic Communication" (Grupo
de Trabalho do Conselho Científico da Defesa sobre Comunicação
Estratégica) escreveu: "Os objetivos mais amplos da
estratégia dos EUA dependem de separar a vasta maioria
composta de muçulmanos não violentos dos militantes
radicais jihadistas-islamistas. Mas os esforços dos EUA
não somente falharam a esse respeito: eles podem ter realizado
o oposto daquilo que pretendiam alcançar."[5] Em nenhum
outro lugar esse fracasso é mais aparente do que na indiferença
- mesmo no regozijo demonstrado por Rumsfeld
e seus generais com relação aos saques de 11 e 12
de abril de 2003, do Museu Nacional de Bagdá e o incêndio
do dia 14 de abril de 2003 da Biblioteca e dos Arquivos Nacionais,
assim como da Biblioteca dos Corões e do Ministério
das Doações Religiosas. Esses eventos foram, segundo
Paul Zimansky, arqueólogo da Universidade de Boston, "o
maior desastre cultural dos últimos 500 anos". Eleanor
Robson, do All Souls College de Oxford, afirmou: "Só
voltando para trás muitos séculos, por ocasião
da invasão de Bagdá pelos mongóis, em 1258,
é que encontramos pilhagens nesta mesma escala."[
6] Mesmo assim, o Secretário da Defesa Rumsfeld comparou
o saque às conseqüências de uma partida de futebol,
e encolheu os ombros com o comentário de que: "A liberdade
é bagunçada
as pessoas estão livres
para cometerem erros e crimes.[7]
O
Museu Arqueológico de Bagdá sempre foi considerado
como, provavelmente, a mais rica de todas as instituições
similares do Oriente Médio. É difícil dizer
com precisão o que foi perdido naqueles dias catastróficos
de abril de 2003, porque inventários atualizados dos pertences
do Museu, muitos dos quais nunca chegaram a ser descritos nas
publicações arqueológicas, também
foram destruídos pelos saqueadores ou estavam incompletos,
em função das condições em que se
encontrava Bagdá depois da Guerra do Golfo de 1991. Um
dos melhores registros de seus pertences, embora parcial, é
o catálogo de itens que o Museu emprestou em 1988 para
uma exposição que ocorreu em Nara, antiga capital
do Japão, titulada Silk Road Civilizations (Civilizações
da Rota da Seda). Mas, como disse um dos funcionários
do Museu para John Burns do New York Times depois do saque:
"Tudo acabado, tudo acabado. Tudo acabado em dois dias."[
8]
Um
único e indispensável livro, com belas ilustrações,
editado por Milbry Park e Angela M.H. Schuster, The Looting
of the Iraq Museum, Baghdad: The Lost Legacy of Ancient Mesopotamia
(N. do T.: O saque do Museu do Iraque, Bagdá: o legado
perdido da Antiga Mesopotâmia) (New York: Harry N. Abrams,
2005), representa a dolorosa tentativa de pouco mais de uma dúzia
de arqueólogos especialistas no antigo Iraque de especificar
o que havia no Museu antes da catástrofe, onde os objetos
tinham sido excavados, e a condição daqueles poucos
milhares de itens que foram recuperados. Os editores e autores
dedicaram parte dos direitos autorais do livro à Comissão
do Estado Iraquiano para as Antigüidades e a Herança
Patrimonial do Iraque.
Numa
conferência sobre a criminalidade envolvendo obras de arte
ocorrida em Londres um ano depois do desastre, John Curtis, do
British Museum, reportou que pelo menos a metade dos quarenta
objetos mais importantes roubados não tinha sido recuperada
e que cerca de 15.000 objetos foram saqueados das prateleiras
e depósitos do Museu, 8.000 dos quais ainda não
tinham sido encontrados. Sua inteira coleçnao de 5.800
selos cilíndricos e placas de argila com escritas cuneiformes
e outras inscrições que remontam à era da
descoberta da escrita, também foi roubada.[9] Desde então,
como conseqüência de uma anistia para os saqueadores,
cerca de 4.000 artefatos foram recuperados no Iraque, e mais de
mil peças foram confiscadas nos Estados Unidos.[10] Curtis
observou que controles randômicos dos soldados ocidentais
que partiam do Iraque levou à descoberta de que vários
deles estavam em posse ilegal de antigos objetos. Agentes da alfândega
dos EUA encontraram ainda mais. Funcionários na Jordânia
apreenderam cerca de 2.000 peças contrabandeadas do Iraque;
na França: 500 peças; na Itália: 300; na
Síria: 300; e na Suíça: 250. Quantidades
inferiores foram apreendidas no Kuwait, na Arábia Saudita,
no Irã e na Turquia. Nenhum desses objetos foi enviado
de volta a Bagdá até o presente.
As
616 peças que formam a famosa coleção do
"ouro de Nimrud", excavada pelos iraquianos no final
dos anos 1980, das tumbas das rainhas assírias em Nimrud,
a poucas milhas ao sudeste de Mosul, foram salvadas, mas somente
porque o Museu tinha secretamente removido as peças para
os cofres subterrâneos do Banco Central do Iraque, durante
a Primeira Guerra do Golfo. Quando os norte-americanos finalmente
foram proteger o Banco em 2003, o edifício não era
mais que uma armação de cal e preenchida de vigas
retorcidas de metal devido ao colapso do teto e de todos os nove
andares que se encontravam debaixo. Não obstante, os compartimentos
subterrâneos e seus conteúdos sobreviveram o desastre
incólumes. Em 3 de julho de 2003, uma pequena parte da
coleção Nimrud foi exibida durante algumas horas,
permitindo que um reduzido grupo de funcionários iraquianos
a vissem pela primeira vez desde 1990.[11]
A
queima de livros e manuscritos na Biblioteca dos Corões
e na Biblioteca Nacional foi, em si mesma, um desastre histórico
de proporções incalculáveis. A maioria dos
documentos imperiais e dos antigos arquivos reais que diziam respeito
à criação do Iraque foram reduzidos a cinzas.
Segundo Humberto Márquez, escritor venezuelano e autor
de Historia Universal de La Destrucción de Los Libros
(2004), cerca de um milhão de livros e dez milhões
de documentos foram destruídos pelos incêndios de
14 de abril de 2003.[12] Robert Fisk, o correspondente veterano
para o Oriente Médio do Independent de Londres,
estava em Bagdá no dia do incêndio. Ele correu para
os escritórios do U.S. Marines' Civil Affairs Bureau (Escritório
para os Assuntos Civis dos Marines dos EUA) e entregou ao oficial
de plantão a localização exata no mapa dos
dois arquivos, assim como seus nomes em árabe e em inglês,
assinalando que a fumaça podia ser vista de três
milhas de distância. O oficial gritou para um seu colega:
"Esse cara tá dizendo que tem uma biblioteca bíblica
pegando fogo", mas os americanos nada fizeram para tentar
apagar as chamas.[13]
O
Burger King de Ur
Em
função do valor do mercado negro dos objetos de
arte antigos, os líderes militares dos EUA tinham sido
prevenidos de que os saques de todos os treze museus nacionais
espalhados pelo país seriam um perigo particularmente grave
nos dias seguintes à captura de Bagdá e à
tomada de controle sobre o Iraque. No caos que sucedeu a Guerra
do Golfo de 1991, vândalos roubaram cerca de 4.000 objetos
de nove diferentes museus regionais. Em termos monetários,
o comércio ilegal de antigüidades é a terceira
forma mais lucrativa de comércio internacional em âmbito
global, superado somente pelo contrabando de drogas e pela venda
de armas.[14] Considerando a riqueza do passado do Iraque, há
também mais de 10.000 sítios arqueológicos
significativos espalhados pelo país, dos quais apenas 1.500
foram estudados. Depois da Guerra do Golfo, vários deles
foram excavados ilegalmente e seus artefatos vendidos a inescrupulosos
colecionadores de países ocidentais e do Japão.
Tudo isso era conhecido pelos comandantes americanos.
Em
janeiro de 2003, às vésperas da invasão do
Iraque, uma delegação de estudiosos dos EUA, diretores
de museus, colecionadores de arte e marchands de antigüidades
se reuniram com oficiais do Pentágono para discutir a iminente
invasão. Eles advertiram especificamente que o Museu Nacional
de Bagdá era o sítio mais importante do país.
McGuire Gibson, do Instituto Oriental da Universidade de Chicago
disse: "Achei que tinham me garantido que os sítios
e os museus seriam protegidos."[15] Gibson voltou ao Pentágono
duas vezes para discutir sobre os perigos, e ele e seus colegas
enviaram vários e-mails para lembrar os oficiais militares
durante as semanas que precederam o início da guerra. Entretanto,
o Guardian de Londres de 14 de abril de 2003 informou sobre
uma condição mais sinistra para os eventos que iriam
se desenrolar: ricos colecionadores dos EUA com conexões
na Casa Branca estavam ocupados "persuadindo o Pentágono
para que fosse relaxada a legislação
que protegia a herança do Iraque, e que impedia a venda
de artefatos no exterior". Em 24 de janeiro de 2003, cerca
de 60 colecionadores e marchands com base em Nova York se organizaram
formando um grupo chamado American Council for Cultural Policy
(Conselho dos EUA para a Política Cultural) e se reuniram
com a administração Bush e oficiais do Pentágono
para argumentar que o Iraque pós-Saddam deveria ter leis
mais relaxadas sobre as antigüidades.[16] O grupo sugeriu
que a abertura do comércio privado em artefatos iraquianos
ofereceria a esses objetos uma segurança muito superior
à que receberiam no Iraque.
A
principal salvaguarda jurídica internacional para instituições
e sítios histórica e humanisticamente importantes
é a Convenção de Haia para a Proteção
da Propriedade Cultural em caso de Conflito Armado, assinada em
14 de maio de 1954. Os EUA não participam dessa convenção,
principalmente porque, durante a Guerra Fria, temia que o tratado
pudesse restringir sua liberdade de se lançar numa guerra
nuclear, mas durante a Guerra do Golfo de 1991, a administração
de Bush pai aceitou as regras da convenção e se
comprometeu de cumprir com uma "lista de objetivos de não-fogo",
onde se sabia de lugares onde existiam artefatos de valor cultural
precioso.[17] A UNESCO e os outros guardiões dos artefatos
culturais esperavam que a administração Bush filho
seguisse os mesmos procedimentos para a guerra de 2003.
Além
disso, no dia 26 de março de 2003, o Office of Reconstruction
and Humanitarian Assistance (ORHA, ou Escritório de Reconstrução
e Assistência Humanitária) do Pentágono, dirigida
pelo Tenente Geral (aposentado) Jay Garner a autoridade
civil que os EUA estabeleceram para quando cessassem as hostilidades
enviou a todos os altos comandantes dos EUA uma lista de
dezesseis instituições que "merecem proteção
assim que possível, para prevenir danos ou destruição
adicionais, e/ou saques de arquivos e ativos". O memorando
de cinco páginas, despachado duas semanas antes da queda
de Bagdá, também disse: "As forças da
coalisão devem proteger esses estabelecimentos de modo
a impedir saques e a conseqüente perda irreparável
de tesouros culturais" e que "os saqueadores devem ser
presos/detidos". O primeiro lugar da lista de sítios
a serem protegidos do Gen. Garner era o Banco Central do Iraque,
que agora é uma ruína; o segundo era o Museu de
Antigüidades. O 16º era o Ministério do Petróleo,
o único lugar que as forças de ocupação
dos EUA protegeram, na realidade. Martin Sullivan, presidente
do Comitê de Conselho do Presidente sobre Propriedade Cultural
durante os oito anos anteriores, e Gary Vikan, diretor do Walters
Art Museum de Baltimore e um dos membros do comitê, resignaram
em sinal de protesto contra o fato de que o CENTCOM não
tivesse obedecido as ordens recebidas. Sullivan disse que era
"indesculpável" que o Museu não tivesse
recebido a mesma prioridade de tratamento que o Ministério
do Petróleo.[18]
Como
sabemos agora, as forças americanas não fizeram
qualquer esforço para prevenir a pilhagem das grandes instituições
culturais do Iraque, seus soldados simplesmente olharam os vândalos
entrarem e incendiarem os prédios. Said Arjomand, editor
da publicação Studies on Persianate Societies
e professor de sociologia na State University of New York em Stony
Brook, escreveu: "Nossas tropas, que protegeram com tanto
orgulho o Ministério do Petróleo, onde nenhuma janela
foi quebrada, deliberadamente desculparam esses eventos terríveis."[19]
Os comandantes americanos sustentam que, ao contrário,
eles estavam muito ocupados combatendo e tinham poucas tropas
para proteger o museu e as bibliotecas. Entretanto, essa explicação
parece pouco provável. Durante a batalha para a tomada
de Bagdá, os militares dos EUA não hesitaram em
despachar 2.000 tropas para proteger os campos de petróleo
do norte do Iraque, e os dados históricos relativos às
antigüidades não melhoraram quando a luta diminuiu.
Na cidade suméria de Ur, de 6 mil anos, com seu sólido
zigurate, ou ainda a torre-templo em degraus (construída
no período entre 2112 2095 a.C. e restaurada por
Nebuchadnezzar II no século VI a.C.), os marines borrifaram
com spray seu lema: "Sempre Fi" (semper fidelis,
sempre fiéis) nos muros.[20] Em seguida, os militares interditaram
os monumentos para todos, de modo a disfarçar a profanação
que ocorreu ali, incluindo a pilhagem pelos soldados dos EUA de
tijolos de argila usados na construção dos antigos
edifícios.
Até
abril de 2003, as áreas em volta de Ur, nas proximidades
de Nassiria, eram remotas e sacrossantas. Entrentanto, os militares
dos EUA escolheram o território imediatamente adjacente
ao zigurate para construir sua imensa base aérea Tallil
Air, com duas pistas medindo 12 mil e 9 mil e 700 pés,
respectivamente, além de quatro campos satélites.
No processo, engenheiros militares transportaram mais de 9.500
cargas de terra em caminhões para construir 350 mil pés
quadrados de hangares e outras instalações para
aviões comuns e aviões Predator, que
voam sem tripulação. Eles arruinaram completamente
a área, considerada literalmente o coração
da civilização humana e inutilizando-a para qualquer
pequisa arqueológica ou turismo futuros. Em 24 de outubro
de 2003, segundo a Global Security Organization, o Exército
e a Força Aérea construíram seu próprio
zigurate moderno. Eles "abriram seu segundo Burger King em
Tallil. O novo estabelecimento, localizado juntamente com um Pizza
Hut, oferece um outro restaurante Burger King, de modo que mais
militares em serviço no Iraque possam, mesmo que só
por um breve momento, esquecer suas tarefas no deserto e ter um
bafo daquele odor familiar que os remete mentalmente à
própria pátria".[21]
O
grande arqueólogo britânico Sir Max Mallowan (marido
de Agatha Christie), e que foi um dos pioneiros nas excavações
em Ur, Nínive e Nimrud, cita um conselho clássico,
e que os norte-americanos deveriam ter tido a sabedoria de dar
atenção: "Era perigoso incomodar os monumentos
antigos
Era tanto sensato quanto historicamente importante
reverenciar os legados dos tempos antigos. Ur era uma cidade infestada
de fantasmas do passado e era prudente apaziguá-los."[22]
O
recorde americanos em outras partes do Iraque não é
nada melhor. Em Babilônia, as forças norte-americanas
e polonesas construíram um depósito militar, apesar
das objeções dos arqueólogos. John Curtis,
autoridade do British Museum sobre os muitos sítios arqueológicos
do Iraque, reportou, numa visita efetuada em dezembro de 2004,
que viu: "rachaduras e buracos onde alguém tinha tentado
retirar tijolos decorados que formavam os famosos dragões
do Portão de Ishtar" e um "pavimento de tijolos
de 2.600 anos esmigalhado pos veículos ".[23] Outros
observadores dizem que o pó provocado pelos helicópteros
dos EUA atacou com jatos de areia a frágil fachada de tijolos
do palácio do rei Nebuchadnezzar II, rei de Babilônia
de 605 a 562 a.C.[24] O arqueólogo Zainab Bahrani reporta:
"Entre maio e agosto de 2004, o muro do Templo de Nabu e
o teto do Templo de Ninmah, ambos do VI século a.C., desmoronaram
como resultado do movimento dos helicópteros. Em local
próximo, máquinas pesadas e veículos permanecem
estacionados sobre as ruínas de um teatro grego da era
de Alexandre da Macedônia [Alexandre o Grande]".[25]
E
nada disso nem sequer começa a tratar do problema do saque
intenso e contínuo dos sítios históricos
do Iraque por ladrões freelance de sepulturas e antigüidades,
preparando-se para estocar as salas de visita dos colecionadores
ocidentais. O caos sem trégua e a falta de segurança
trazidos ao Iraque com a nossa invasão significaram que
um futuro pacífico para o Iraque não incluirá
um patrimônio histórico a ser exibido. Não
é um feito de pouca monta para administração
Bush, o de ter atirado o berço do passado humano no mesmo
tipo de caos e falta de segurança que o presente do Iraque.
Se a amnésia é uma bênção, então
o destino das antigüidades do Iraque representa uma espécie
de paraíso moderno.
Os
partidários do Presidente Bush têm falado, infinitamente,
sobre sua guerra global contra o terrorismo como um "choque
de civilizações". Mas a civilização
que destruindo no Iraque é parte de nossa própria
herança. E é também parte do patrimônio
mundial. Antes de nossa invasão ao Afeganistão,
condenamos os talebãs por dinamitarem as monumentais estátuas
budistas do século III em Bamiyan, em março de 2001.
Tratava-se de duas estátuas gigantescas de imenso valor
histórico, sendo que o barbarismo de sua destruição
gerou manchetes inflamadas e comentários horrorizados em
nosso país. Hoje, o nosso próprio governo é
culpado de crimes muito maiores, quando se trata da destruição
de todo um universo de antigüidades, e poucos, aqui, ao considerarem
as atitudes iraquianas relativas à ocupação
dos EUA, se dão ao trabalho, sequer, de levar o fato em
consideração. Mas o que nós não fazemos
questão de lembrar pode estar, na realidade, muito presente
na memória dos outros.
Este
ensaio foi extraído do livro de Chalmers Johnson que será
lançado no final de 2006, Nemesis: The Crisis of the American
Republic. Será parte do volume final da Blowback Trilogy.
Os primeiros dois volumes são titulados Blowback: The
Costs and Consequences of American Empire (2000) e The
Sorrows of Empire: Militarism, Secrecy, and the End of the Republic
(2004).
NOTAS
[1.]
American Embassy, London, " Visit of President Bush to Northern
Ireland, April 7-8, 2003."
[2.]
William R. Polk, "Introduction," Milbry Polk and Angela M. H.
Schuster, eds., The Looting of the Iraq Museum: The Lost Legacy
of Ancient Mesopotamia (New York: Harry N. Abrams, 2005),
p. 5. Also see Suzanne Muchnic, "Spotlight on Iraq's Plundered
Past," Los Angeles Times, June 20, 2005.
[3.]
David Fromkin, A Peace to End All Peace: The Fall of the Ottoman
Empire and the Creation of the Modern Middle East (New York:
Owl Books, 1989, 2001), p. 450.
[4.]
George Bush's address to the Iraqi people, broadcast on
"Towards Freedom TV," April 10, 2003.
[5.]
Office of the Under Secretary of Defense for Acquisition, Technology,
and Logistics, Report of the Defense Science Board Task Force
on Strategic Communication (Washington, D.C.: September 2004),
pp. 39-40.
[6.]
See Frank Rich, "And Now: 'Operation Iraqi Looting,'" New York
Times, April 27, 2003.
[7.]
Robert Scheer, "It's U.S. Policy that's 'Untidy,'" Los Angeles
Times, April 15, 2003; reprinted in Books in Flames,
Tomdispatch, April 15, 2003.
[8.]
John F. Burns, "Pillagers Strip Iraqi Museum of Its Treasures,"
New York Times, April 13, 2003; Piotr Michalowski (University
of Michigan), The Ransacking of the Baghdad Museum is a Disgrace,
History News Network, April 14, 2003.
[9.]
Polk and Schuster, op. cit, pp. 209-210.
[10.]
Mark Wilkinson, Looting of Ancient Sites Threatens Iraqi Heritage,
Reuters, June 29, 2005.
[11.]
Polk and Schuster, op. cit., pp. 23, 212-13; Louise Jury,
"At Least 8,000 Treasures Looted from Iraq Museum Still Untraced,"
Independent, May 24, 2005; Stephen Fidler, "'The Looters
Knew What They Wanted. It Looks Like Vandalism, but Organized
Crime May be Behind It,'" Financial Times, May 23, 2003;
Rod Liddle, The Day of the Jackals, Spectator, April
19, 2003.
[12.]
Humberto Márquez, Iraq Invasion the 'Biggest Cultural
Disaster Since 1258,' Antiwar.com, February 16, 2005.
[13.]
Robert Fisk, "Library Books, Letters, and Priceless Documents
are Set Ablaze in Final Chapter of the Sacking of Baghdad," Independent,
April 15, 2003.
[14.]
Polk and Schuster, op. cit., p. 10.
[15.]
Guy Gugliotta, "Pentagon Was Told of Risk to Museums; U.S. Urged
to Save Iraq's Historic Artifacts," Washington Post, April
14, 2003; McGuire Gibson, "Cultural Tragedy In Iraq: A Report
On the Looting of Museums, Archives, and Sites," International
Foundation for Art Research.
[16.]
Rod Liddle, op. cit..; Oliver Burkeman, Ancient Archive
Lost in Baghdad Blaze, Guardian, April 15, 2003.
[17.]
See James A. R. Nafziger, Art Loss in Iraq: Protection of Cultural
Heritage in Time of War and Its Aftermath, International Foundation
for Art Research.
[18.]
Paul Martin, Ed Vulliamy, and Gaby Hinsliff, U.S. Army was
Told to Protect Looted Museum, Observer, April 20,
2003; Frank Rich, op. cit.; Paul Martin, "Troops Were Told
to Guard Treasures," Washington Times, April 20, 2003.
[19.]
Said Arjomand, Under the Eyes of U.S. Forces and This Happened?,
History News Network, April 14, 2003.
[20.]
Ed Vulliamy, Troops 'Vandalize' Ancient City of Ur, Observer,
May 18, 2003; Paul Johnson, Art: A New History (New York:
HarperCollins, 2003), pp. 18, 35; Polk and Schuster, op. cit.,
p. 99, fig. 25.
[21.]
Tallil Air Base, GlobalSecurity.org.
[22.]
Max Mallowan, Mallowan's Memoirs (London: Collins, 1977),
p. 61.
[23.]
Rory McCarthy and Maev Kennedy, Babylon Wrecked by War,
Guardian, January 15, 2005.
[24.]
Owen Bowcott, Archaeologists Fight to Save Iraqi Sites,
Guardian, June 20, 2005.
[25.]
Zainab Bahrani, "The Fall of Babylon," in Polk and Schuster,
op. cit., p. 214.
©
2005 Chalmers Johnson
Published
on Friday, July 8, 2005 by TomDispatch.com
The
Smash of Civilizations
by
Chalmers Johnson
In
the months before he ordered the invasion of Iraq, George Bush
and his senior officials spoke of preserving Iraq's "patrimony"
for the Iraqi people. At a time when talking about Iraqi oil was
taboo, what he meant by patrimony was exactly that -- Iraqi oil.
In their "joint statement on Iraq's future" of April 8, 2003,
George Bush and Tony Blair declared, "We reaffirm our commitment
to protect Iraq's natural resources, as the patrimony of the people
of Iraq, which should be used only for their benefit."[1] In this
they were true to their word. Among the few places American soldiers
actually did guard during and in the wake of their invasion were
oil fields and the Oil Ministry in Baghdad. But the real Iraqi
patrimony, that invaluable human inheritance of thousands of years,
was another matter. At a time when American pundits were warning
of a future "clash of civilizations," our occupation forces were
letting perhaps the greatest of all human patrimonies be looted
and smashed.
There
have been many dispiriting sights on TV since George Bush launched
his ill-starred war on Iraq -- the pictures from Abu Ghraib, Fallujah
laid waste, American soldiers kicking down the doors of private
homes and pointing assault rifles at women and children. But few
have reverberated historically like the looting of Baghdad's museum
-- or been forgotten more quickly in this country.
Teaching
the Iraqis about the Untidiness of History
In
archaeological circles, Iraq is known as "the cradle of civilization,"
with a record of culture going back more than 7,000 years. William
R. Polk, the founder of the Center for Middle Eastern Studies
at the University of Chicago, says, "It was there, in what the
Greeks called Mesopotamia, that life as we know it today began:
there people first began to speculate on philosophy and religion,
developed concepts of international trade, made ideas of beauty
into tangible forms, and, above all developed the skill of writing."[2]
No other places in the Bible except for Israel have more history
and prophecy associated with them than Babylonia, Shinar (Sumer),
and Mesopotamia -- different names for the territory that the
British around the time of World War I began to call "Iraq," using
the old Arab term for the lands of the former Turkish enclave
of Mesopotamia (in Greek: "between the [Tigris and Eurphrates]
rivers").[3] Most of the early books of Genesis are set in Iraq
(see, for instance, Genesis 10:10, 11:31; also Daniel 1-4; II
Kings 24).
The
best-known of the civilizations that make up Iraq's cultural heritage
are the Sumerians, Akkadians, Babylonians, Assyrians, Chaldeans,
Persians, Greeks, Romans, Parthians, Sassanids, and Muslims. On
April 10, 2003, in a television address, President Bush acknowledged
that the Iraqi people are "the heirs of a great civilization that
contributes to all humanity."[4.] Only two days later, under the
complacent eyes of the U.S. Army, the Iraqis would begin to lose
that heritage in a swirl of looting and burning.
In
September 2004, in one of the few self-critical reports to come
out of Donald Rumsfeld's Department of Defense, the Defense Science
Board Task Force on Strategic Communication wrote: "The larger
goals of U.S. strategy depend on separating the vast majority
of non-violent Muslims from the radical-militant Islamist-Jihadists.
But American efforts have not only failed in this respect: they
may also have achieved the opposite of what they intended."[5]
Nowhere was this failure more apparent than in the indifference
-- even the glee -- shown by Rumsfeld and his generals toward
the looting on April 11 and 12, 2003, of the National Museum in
Baghdad and the burning on April 14, 2003, of the National Library
and Archives as well as the Library of Korans at the Ministry
of Religious Endowments. These events were, according to Paul
Zimansky, a Boston University archaeologist, "the greatest cultural
disaster of the last 500 years." Eleanor Robson of All Souls College,
Oxford, said, "You'd have to go back centuries, to the Mongol
invasion of Baghdad in 1258, to find looting on this scale."[6]
Yet Secretary Rumsfeld compared the looting to the aftermath of
a soccer game and shrugged it off with the comment that "Freedom's
untidy. . . . Free people are free to make mistakes and commit
crimes."[7]
The
Baghdad archaeological museum has long been regarded as perhaps
the richest of all such institutions in the Middle East. It is
difficult to say with precision what was lost there in those catastrophic
April days in 2003 because up-to-date inventories of its holdings,
many never even described in archaeological journals, were also
destroyed by the looters or were incomplete thanks to conditions
in Baghdad after the Gulf War of 1991. One of the best records,
however partial, of its holdings is the catalog of items the museum
lent in 1988 to an exhibition held in Japan's ancient capital
of Nara entitled Silk Road Civilizations. But, as one museum
official said to John Burns of the New York Times after
the looting, "All gone, all gone. All gone in two days."[8]
A
single, beautifully illustrated, indispensable book edited by
Milbry Park and Angela M.H. Schuster, The Looting of the Iraq
Museum, Baghdad: The Lost Legacy of Ancient Mesopotamia (New
York: Harry N. Abrams, 2005), represents the heartbreaking attempt
of over a dozen archaeological specialists on ancient Iraq to
specify what was in the museum before the catastrophe, where those
objects had been excavated, and the condition of those few thousand
items that have been recovered. The editors and authors have dedicated
a portion of the royalties from this book to the Iraqi State Board
of Antiquities and Heritage.
At
a conference on art crimes held in London a year after the disaster,
the British Museum's John Curtis reported that at least half of
the forty most important stolen objects had not been retrieved
and that of some 15,000 items looted from the museum's showcases
and storerooms about 8,000 had yet to be traced. Its entire collection
of 5,800 cylinder seals and clay tablets, many containing cuneiform
writing and other inscriptions some of which go back to the earliest
discoveries of writing itself, was stolen.[9] Since then, as a
result of an amnesty for looters, about 4,000 of the artifacts
have been recovered in Iraq, and over a thousand have been confiscated
in the United States.[10] Curtis noted that random checks of Western
soldiers leaving Iraq had led to the discovery of several in illegal
possession of ancient objects. Customs agents in the U.S. then
found more. Officials in Jordan have impounded about 2,000 pieces
smuggled in from Iraq; in France, 500 pieces; in Italy, 300; in
Syria, 300; and in Switzerland, 250. Lesser numbers have been
seized in Kuwait, Saudi Arabia, Iran, and Turkey. None of these
objects has as yet been sent back to Baghdad.
The
616 pieces that form the famous collection of "Nimrud gold," excavated
by the Iraqis in the late 1980s from the tombs of the Assyrian
queens at Nimrud, a few miles southeast of Mosul, were saved,
but only because the museum had secretly moved them to the subterranean
vaults of the Central Bank of Iraq at the time of the first Gulf
War. By the time the Americans got around to protecting the bank
in 2003, its building was a burnt-out shell filled with twisted
metal beams from the collapse of the roof and all nine floors
under it. Nonetheless, the underground compartments and their
contents survived undamaged. On July 3, 2003, a small portion
of the Nimrud holdings was put on display for a few hours, allowing
a handful of Iraqi officials to see them for the first time since
1990.[11]
The
torching of books and manuscripts in the Library of Korans and
the National Library was in itself a historical disaster of the
first order. Most of the Ottoman imperial documents and the old
royal archives concerning the creation of Iraq were reduced to
ashes. According to Humberto Márquez, the Venezuelan writer
and author of Historia Universal de La Destrucción de
Los Libros (2004), about a million books and ten million documents
were destroyed by the fires of April 14, 2003.[12] Robert Fisk,
the veteran Middle East correspondent of the Independent
of London, was in Baghdad the day of the fires. He rushed to the
offices of the U.S. Marines' Civil Affairs Bureau and gave the
officer on duty precise map locations for the two archives and
their names in Arabic and English, and pointed out that the smoke
could be seen from three miles away. The officer shouted to a
colleague, "This guy says some biblical library is on fire," but
the Americans did nothing to try to put out the flames.[13]
The
Burger King of Ur
Given
the black market value of ancient art objects, U.S. military leaders
had been warned that the looting of all thirteen national museums
throughout the country would be a particularly grave danger in
the days after they captured Baghdad and took control of Iraq.
In the chaos that followed the Gulf War of 1991, vandals had stolen
about 4,000 objects from nine different regional museums. In monetary
terms, the illegal trade in antiquities is the third most lucrative
form of international trade globally, exceeded only by drug smuggling
and arms sales.[14] Given the richness of Iraq's past, there are
also over 10,000 significant archaeological sites scattered across
the country, only some 1,500 of which have been studied. Following
the Gulf War, a number of them were illegally excavated and their
artifacts sold to unscrupulous international collectors in Western
countries and Japan. All this was known to American commanders.
In
January 2003, on the eve of the invasion of Iraq, an American
delegation of scholars, museum directors, art collectors, and
antiquities dealers met with officials at the Pentagon to discuss
the forthcoming invasion. They specifically warned that Baghdad's
National Museum was the single most important site in the country.
McGuire Gibson of the University of Chicago's Oriental Institute
said, "I thought I was given assurances that sites and museums
would be protected."[15] Gibson went back to the Pentagon twice
to discuss the dangers, and he and his colleagues sent several
e-mail reminders to military officers in the weeks before the
war began. However, a more ominous indicator of things to come
was reported in the April 14, 2003, London Guardian: Rich
American collectors with connections to the White House were busy
"persuading the Pentagon to relax legislation that protects Iraq's
heritage by prevention of sales abroad." On January 24, 2003,
some sixty New York-based collectors and dealers organized themselves
into a new group called the American Council for Cultural Policy
and met with Bush administration and Pentagon officials to argue
that a post-Saddam Iraq should have relaxed antiquities laws.[16]
Opening up private trade in Iraqi artifacts, they suggested, would
offer such items better security than they could receive in Iraq.
The
main international legal safeguard for historically and humanistically
important institutions and sites is the Hague Convention for the
Protection of Cultural Property in the Event of Armed Conflict,
signed on May 14, 1954. The U.S. is not a party to that convention,
primarily because, during the Cold War, it feared that the treaty
might restrict its freedom to engage in nuclear war; but during
the 1991 Gulf War the elder Bush's administration accepted the
convention's rules and abided by a "no-fire target list" of places
where valuable cultural items were known to exist.[17] UNESCO
and other guardians of cultural artifacts expected the younger
Bush's administration to follow the same procedures in the 2003
war.
Moreover,
on March 26, 2003, the Pentagon's Office of Reconstruction and
Humanitarian Assistance (ORHA), headed by Lt. Gen. (ret.) Jay
Garner -- the civil authority the U.S. had set up for the moment
hostilities ceased -- sent to all senior U.S. commanders a list
of sixteen institutions that "merit securing as soon as possible
to prevent further damage, destruction, and/or pilferage of records
and assets." The five-page memo dispatched two weeks before the
fall of Baghdad also said, "Coalition forces must secure these
facilities in order to prevent looting and the resulting irreparable
loss of cultural treasures" and that "looters should be arrested/detained."
First on Gen. Garner's list of places to protect was the Iraqi
Central Bank, which is now a ruin; second was the Museum of Antiquities.
Sixteenth was the Oil Ministry, the only place that U.S. forces
occupying Baghdad actually defended. Martin Sullivan, chair of
the President's Advisory Committee on Cultural Property for the
previous eight years, and Gary Vikan, director of the Walters
Art Museum in Baltimore and a member of the committee, both resigned
to protest the failure of CENTCOM to obey orders. Sullivan said
it was "inexcusable" that the museum should not have had the same
priority as the Oil Ministry.[18]
As
we now know, the American forces made no effort to prevent the
looting of the great cultural institutions of Iraq, its soldiers
simply watching vandals enter and torch the buildings. Said Arjomand,
an editor of the journal Studies on Persianate Societies
and a professor of sociology at the State University of New York
at Stony Brook, wrote, "Our troops, who have been proudly guarding
the Oil Ministry, where no window is broken, deliberately condoned
these horrendous events."[19] American commanders claim that,
to the contrary, they were too busy fighting and had too few troops
to protect the museum and libraries. However, this seems to be
an unlikely explanation. During the battle for Baghdad, the U.S.
military was perfectly willing to dispatch some 2,000 troops to
secure northern Iraq's oilfields, and their record on antiquities
did not improve when the fighting subsided. At the 6,000-year-old
Sumerian city of Ur with its massive ziggurat, or stepped temple-tower
(built in the period 2112 - 2095 B.C. and restored by Nebuchadnezzar
II in the sixth century B.C.), the Marines spray-painted their
motto, "Semper Fi" (semper fidelis, always faithful) onto
its walls.[20] The military then made the monument "off limits"
to everyone in order to disguise the desecration that had occurred
there, including the looting by U.S. soldiers of clay bricks used
in the construction of the ancient buildings.
Until
April 2003, the area around Ur, in the environs of Nasiriyah,
was remote and sacrosanct. However, the U.S. military chose the
land immediately adjacent to the ziggurat to build its huge Tallil
Air Base with two runways measuring 12,000 and 9,700 feet respectively
and four satellite camps. In the process, military engineers moved
more than 9,500 truckloads of dirt in order to build 350,000 square
feet of hangars and other facilities for aircraft and Predator
unmanned drones. They completely ruined the area, the literal
heartland of human civilization, for any further archaeological
research or future tourism. On October 24, 2003, according to
the Global Security Organization, the Army and Air Force built
its own modern ziggurat. It "opened its second Burger King at
Tallil. The new facility, co-located with [a] . . . Pizza Hut,
provides another Burger King restaurant so that more service men
and women serving in Iraq can, if only for a moment, forget about
the task at hand in the desert and get a whiff of that familiar
scent that takes them back home."[21]
The
great British archaeologist, Sir Max Mallowan (husband of Agatha
Christie), who pioneered the excavations at Ur, Nineveh, and Nimrud,
quotes some classical advice that the Americans might have been
wise to heed: "There was danger in disturbing ancient monuments.
. . . It was both wise and historically important to reverence
the legacies of ancient times. Ur was a city infested with ghosts
of the past and it was prudent to appease them."[22]
The
American record elsewhere in Iraq is no better. At Babylon, American
and Polish forces built a military depot, despite objections from
archaeologists. John Curtis, the British Museum's authority on
Iraq's many archaeological sites, reported on a visit in December
2004 that he saw "cracks and gaps where somebody had tried to
gouge out the decorated bricks forming the famous dragons of the
Ishtar Gate" and a "2,600-year-old brick pavement crushed by military
vehicles."[23] Other observers say that the dust stirred up by
U.S. helicopters has sandblasted the fragile brick façade
of the palace of Nebuchadnezzar II, king of Babylon from 605 to
562 B.C.[24] The archaeologist Zainab Bahrani reports, "Between
May and August 2004, the wall of the Temple of Nabu and the roof
of the Temple of Ninmah, both of the sixth century B.C., collapsed
as a result of the movement of helicopters. Nearby, heavy machines
and vehicles stand parked on the remains of a Greek theater from
the era of Alexander of Macedon [Alexander the Great]."[25]
And
none of this even begins to deal with the massive, ongoing looting
of historical sites across Iraq by freelance grave and antiquities
robbers, preparing to stock the living rooms of western collectors.
The unceasing chaos and lack of security brought to Iraq in the
wake of our invasion have meant that a future peaceful Iraq may
hardly have a patrimony to display. It is no small accomplishment
of the Bush administration to have plunged the cradle of the human
past into the same sort of chaos and lack of security as the Iraqi
present. If amnesia is bliss, then the fate of Iraq's antiquities
represents a kind of modern paradise.
President
Bush's supporters have talked endlessly about his global war on
terrorism as a "clash of civilizations." But the civilization
we are in the process of destroying in Iraq is part of our own
heritage. It is also part of the world's patrimony. Before our
invasion of Afghanistan, we condemned the Taliban for their dynamiting
of the monumental third century A.D. Buddhist statues at Bamiyan
in March, 2001. Those were two gigantic statues of remarkable
historical value and the barbarism involved in their destruction
blazed in headlines and horrified commentaries in our country.
Today, our own government is guilty of far greater crimes when
it comes to the destruction of a whole universe of antiquity,
and few here, when they consider Iraqi attitudes toward the American
occupation, even take that into consideration. But what we do
not care to remember, others may recall all too well.
This
essay is extracted from Chalmers Johnson's Nemesis: The Crisis
of the American Republic, forthcoming from Metropolitan Books
in late 2006, the final volume in the Blowback Trilogy. The first
two volumes are Blowback: The Costs and Consequences of American
Empire (2000) and The Sorrows of Empire: Militarism, Secrecy,
and the End of the Republic (2004).
NOTES
[1.]
American Embassy, London, " Visit of President Bush to Northern
Ireland, April 7-8, 2003."
[2.]
William R. Polk, "Introduction," Milbry Polk and Angela M. H.
Schuster, eds., The Looting of the Iraq Museum: The Lost Legacy
of Ancient Mesopotamia (New York: Harry N. Abrams, 2005),
p. 5. Also see Suzanne Muchnic, "Spotlight on Iraq's Plundered
Past," Los Angeles Times, June 20, 2005.
[3.]
David Fromkin, A Peace to End All Peace: The Fall of the Ottoman
Empire and the Creation of the Modern Middle East (New York:
Owl Books, 1989, 2001), p. 450.
[4.]
George Bush's address to the Iraqi people, broadcast on
"Towards Freedom TV," April 10, 2003.
[5.]
Office of the Under Secretary of Defense for Acquisition, Technology,
and Logistics, Report of the Defense Science Board Task Force
on Strategic Communication (Washington, D.C.: September 2004),
pp. 39-40.
[6.]
See Frank Rich, "And Now: 'Operation Iraqi Looting,'" New York
Times, April 27, 2003.
[7.]
Robert Scheer, "It's U.S. Policy that's 'Untidy,'" Los Angeles
Times, April 15, 2003; reprinted in Books in Flames,
Tomdispatch, April 15, 2003.
[8.]
John F. Burns, "Pillagers Strip Iraqi Museum of Its Treasures,"
New York Times, April 13, 2003; Piotr Michalowski (University
of Michigan), The Ransacking of the Baghdad Museum is a Disgrace,
History News Network, April 14, 2003.
[9.]
Polk and Schuster, op. cit, pp. 209-210.
[10.]
Mark Wilkinson, Looting of Ancient Sites Threatens Iraqi Heritage,
Reuters, June 29, 2005.
[11.]
Polk and Schuster, op. cit., pp. 23, 212-13; Louise Jury,
"At Least 8,000 Treasures Looted from Iraq Museum Still Untraced,"
Independent, May 24, 2005; Stephen Fidler, "'The Looters
Knew What They Wanted. It Looks Like Vandalism, but Organized
Crime May be Behind It,'" Financial Times, May 23, 2003;
Rod Liddle, The Day of the Jackals, Spectator, April
19, 2003.
[12.]
Humberto Márquez, Iraq Invasion the 'Biggest Cultural
Disaster Since 1258,' Antiwar.com, February 16, 2005.
[13.]
Robert Fisk, "Library Books, Letters, and Priceless Documents
are Set Ablaze in Final Chapter of the Sacking of Baghdad," Independent,
April 15, 2003.
[14.]
Polk and Schuster, op. cit., p. 10.
[15.]
Guy Gugliotta, "Pentagon Was Told of Risk to Museums; U.S. Urged
to Save Iraq's Historic Artifacts," Washington Post, April
14, 2003; McGuire Gibson, "Cultural Tragedy In Iraq: A Report
On the Looting of Museums, Archives, and Sites," International
Foundation for Art Research.
[16.]
Rod Liddle, op. cit..; Oliver Burkeman, Ancient Archive
Lost in Baghdad Blaze, Guardian, April 15, 2003.
[17.]
See James A. R. Nafziger, Art Loss in Iraq: Protection of Cultural
Heritage in Time of War and Its Aftermath, International Foundation
for Art Research.
[18.]
Paul Martin, Ed Vulliamy, and Gaby Hinsliff, U.S. Army was
Told to Protect Looted Museum, Observer, April 20,
2003; Frank Rich, op. cit.; Paul Martin, "Troops Were Told
to Guard Treasures," Washington Times, April 20, 2003.
[19.]
Said Arjomand, Under the Eyes of U.S. Forces and This Happened?,
History News Network, April 14, 2003.
[20.]
Ed Vulliamy, Troops 'Vandalize' Ancient City of Ur, Observer,
May 18, 2003; Paul Johnson, Art: A New History (New York:
HarperCollins, 2003), pp. 18, 35; Polk and Schuster, op. cit.,
p. 99, fig. 25.
[21.]
Tallil Air Base, GlobalSecurity.org.
[22.]
Max Mallowan, Mallowan's Memoirs (London: Collins, 1977),
p. 61.
[23.]
Rory McCarthy and Maev Kennedy, Babylon Wrecked by War,
Guardian, January 15, 2005.
[24.]
Owen Bowcott, Archaeologists Fight to Save Iraqi Sites,
Guardian, June 20, 2005.
[25.]
Zainab Bahrani, "The Fall of Babylon," in Polk and Schuster,
op. cit., p. 214.
©
2005 Chalmers Johnson
La
aniquilación de civilizaciones
Chalmers
Johnson
TomDispatch
En
los meses antes de que ordenara la invasión de Irak, George
Bush y sus altos funcionarios hablaron de preservar el "patrimonio"
de Irak para el pueblo iraquí. En tiempos en los que hablar
del petróleo iraquí era tabú, lo que Bush
quería decir al hablar de patrimonio era exactamente eso
el petróleo iraquí. En su "declaración
conjunta sobre el futuro de Irak" del 8 de abril de 2003,
George Bush y Tony Blair declararon: "Reafirmamos nuestro
compromiso de proteger los recursos naturales de Irak, como patrimonio
del pueblo de Irak, que debería ser utilizado sólo
para su beneficio". (1) En esto cumplieron con su palabra.
Entre los pocos sitios que los soldados estadounidenses realmente
protegieron durante y después de su invasión estuvieron
los campos petrolíferos y el Ministerio de Petróleo
en Bagdad. Pero el verdadero patrimonio iraquí, esa herencia
milenaria de la humanidad, fue algo diferente. Al mismo tiempo
que los eruditos estadounidenses advertían de un futuro
"choque de civilizaciones" nuestras fuerzas de ocupación
permitían que lo que es tal vez el mayor de los patrimonios
humanos fuera saqueado y destrozado.
Ha
habido muchas imágenes deprimentes en la televisión
desde que George Bush lanzara su malhadada guerra contra Irak
las fotos de Abu Ghraib, Faluya arrasada, soldados estadounidenses
destruyendo a puntapiés las puertas de casas privadas y
apuntando con rifles de asalto a mujeres y niños. Pero
pocas han reverberado históricamente como el saqueo del
museo de Bagdad o han sido olvidadas más rápido
en este país.
Enseñando
a los iraquíes el desaliño de la historia.
En
círculos arqueológicos, Irak es conocido como "la
cuna de la civilización" con un historial cultural
que se originó hace más de 7.000 años. William
R. Polk, fundador del Centro de Estudios Medio-Orientales en la
Universidad de Chicago, dice: "Fue allí, en lo que
los griegos llamaban Mesopotamia donde comenzó la vida
tal como la conocemos actualmente: allí la gente comenzó
por primera vez a especular sobre filosofía y religión,
desarrolló conceptos de comercio internacional, convirtió
ideas de belleza en formas tangibles y, sobre todo, desarrolló
la maestría de la escritura". (2) No se asocia ningún
otro sitio en la Biblia, con la excepción de Israel, con
más historia y profecía que Babilonia, Shinar (Sumeria),
y Mesopotamia diferentes nombres para el territorio que
los británicos comenzaron a llamar "Irak" cerca
de la época de la Primera Guerra Mundial, utilizando el
antiguo término árabe para las tierras del antiguo
enclave turco de Mesopotamia (en griego: entre los ríos
[Tigris y Éufrates]). (3) La mayor parte de los primeros
libros del Génesis están localizados en Irak (vea,
por ejemplo: Génesis 10:10, 11:31; también Daniel
1-4; II Reyes 24).
Las
civilizaciones mejor conocidas que componen el patrimonio cultural
de Irak son los sumerios, akkadios, babilonios, asirios, caldeos,
persas, griegos, romanos, partianos, sasanidas y musulmanes. El
10 de abril de 2003, en un discurso por televisión, el
presidente Bush reconoció que el pueblo iraquí es
"heredero de una gran civilización que contribuye
a toda la humanidad". (4) Sólo dos días después,
bajo los ojos complacientes del Ejército de EE.UU., los
iraquíes comenzaron a perder ese patrimonio en un torbellino
de saqueos e incendios.
En
septiembre de 2004, en uno de los pocos informes autocríticos
que salieron del Departamento de Defensa de Donald Rumsfeld, el
Grupo de Trabajo del Consejo Científico de la Defensa sobre
Comunicación Estratégica escribió: "los
objetivos más amplios de la estrategia de EE.UU. dependen
de la separación de la vasta mayoría de los musulmanes
no-violentos de los yihadistas-islamistas radicales-militantes.
Pero los esfuerzos estadounidenses no sólo han fracasado
en este sentido: también han logrado lo contrario de lo
que se proponían". (5) En ninguna parte este fracaso
fue más evidente que en la indiferencia incluso
el regocijo mostrado por Rumsfeld y sus generales ante
el saqueo del 11 y del 12 de abril de 2003, del Museo Nacional
de Bagdad y el incendio el 14 de abril de 2003 de la Biblioteca
y de los Archivos Nacionales así como de la Biblioteca
de Coranes en el Ministerio de Fundaciones Religiosas. Estos eventos,
fueron, según Paul Zimansky, arqueólogo de la Universidad
de Boston, "el mayor desastre cultural de los últimos
500 años". Eleanor Robson de All Souls College, Oxford,
dijo: "Hay que retroceder siglos, a la invasión mongol
de Bagdad en 1258, para hallar saqueos de esta dimensión".
(6) Pero el secretario Rumsfeld comparó el saqueo con las
secuelas de un partido de fútbol y lo descartó con
el comentario de que "La libertad es desaliñada
La gente libre posee la libertad para hacer errores y cometer
crímenes". (7)
El
museo arqueológico de Bagdad ha sido considerado durante
mucho tiempo como lo que es probablemente la más rica institución
de su tipo en Medio Oriente. Es difícil decir con precisión
todo lo que se perdió allí durante esos días
catastróficos de abril en 2003 porque los catálogos
puestos al día de sus pertenencias, muchas de ellas jamás
descritas en revistas arqueológicas, también fueron
destruidos por los saqueadores o estaban incompletos por las condiciones
en Bagdad después de la Guerra del Golfo de 1991. Uno de
los mejores archivos, aunque parcial, de sus pertenencias es el
catálogo de artículos que el museo prestó
en 1988 a una exposición realizada en la antigua capital
de Japón, Nara, intitulada Civilizaciones de la Ruta de
la Seda. Pero, como dijera un funcionario del museo a John Burns
de New York Times después del saqueo: "Todo
desapareció, todo desapareció. Todo desapareció
en dos días". (8)
Un
singular libro indispensable, hermosamente ilustrado, publicado
por Milbry Park y Angela M.H. Schuster, The Looting of the Iraq
Museum, Baghdad: The Lost Legacy of Ancient Mesopotamia (New York:
Harry N. Abrams, 2005), representa el desconsolador intento de
más de una docena de especialistas en arqueología
del antiguo Irak de especificar lo que había en el museo
antes de la catástrofe, dónde habían sido
excavados los objetos, y la condición de los pocos miles
de artículos que han sido recuperados. Los editores y autores
han dedicado una parte de los beneficios del libro al Consejo
Estatal de Antigüedades y Patrimonio de Irak.
En
una conferencia sobre críminalidad con obras de arte realizada
en Londres un año después del desastre, John Curtis,
del Museo Británico, informó que por lo menos la
mitad de los objetos robados no habían sido recuperados
y que de unos 15.000 objetos saqueados de las vitrinas y almacenes
del museo, mas de 8.000 aún no han sido ubicados. Toda
su colección de 5.800 sellos de cilindro y tablillas con
escritura cuneiforme y otras inscripciones, algunas provenientes
de los primeros descubrimientos de la propia escritura, fue robada.
(9) Desde entonces, como resultado de una amnistía para
los saqueadores, unos 4.000 artefactos han sido recuperados en
Irak, y más de mil han sido confiscados en Estados Unidos.
(10). Curtis señaló que controles al azar de soldados
occidentales que partían de Irak han llevado a la identificación
de varios que poseían ilegalmente objetos antiguos. Agentes
de aduana en EE.UU. descubrieron otros. Funcionarios en Jordania
incautaron unas 2.000 piezas contrabandeadas de Irak; en Francia,
500 piezas; en Italia, 300; en Siria, 300; y en Suiza, 250. Cantidades
inferiores fueron confiscadas en Kuwait, Arabia Saudí,
Irán, y Turquía. Ninguno de estos objetos ha sido
devuelto hasta ahora a Bagdad.
Las
616 piezas que forman la famosa colección de "oro
de Nimrud", excavada por los iraquíes a fines de los
años ochenta de las tumbas de las reinas asirias en Nimrud,
a unos pocos kilómetros al sudeste de Mosul, fueron salvadas,
pero sólo porque el museo las había llevado en secreto
a las bóvedas subterráneas del Banco Central de
Irak durante la primera Guerra del Golfo. Cuando los estadounidenses
finalmente protegieron el banco en 2003, su edificio era una armazón
calcinada llena de vigas retorcidas de metal por el colapso del
techo y de todos los nueve pisos que se encontraban debajo. Sin
embargo, los compartimientos subterráneos y sus contenidos
sobrevivieron sin daño. El 3 de julio de 2003, una pequeña
parte de la colección Nimrud fue expuesta durante unas
pocas horas, permitiendo que un puñado de funcionarios
iraquíes la viera por primera vez desde 1990. (11)
La
quema de libros y manuscritos en la Biblioteca de Coranes y en
la Biblioteca Nacional fue en sí un desastre histórico
de primera magnitud. La mayoría de los documentos imperiales
otomanos y los antiguos archivos reales sobre la creación
de Irak fueron reducidos a cenizas. Según Humberto Márquez,
escritor venezolano y autor de "Historia Universal de La
Destrucción de Los Libros" (2004), cerca de un millón
de libros y diez millones de documentos fueron destruidos por
los incendios del 14 de abril de 2003. (12). Robert Fisk, el veterano
corresponsal en Medio Oriente del Independent de Londres,
estuvo en Bagdad el día de los incendios. Corrió
a las oficinas de la Oficina de Asuntos Civiles de los Marines
de EE.UU. y dio al oficial a cargo la ubicación exacta
en el mapa de los dos archivos y sus nombres en árabe y
en inglés, y señaló que se podía ver
el humo a 5 kilómetros de distancia. El oficial gritó
a uno de sus colegas: "Este tipo dice que hay alguna biblioteca
bíblica que se quema", pero los estadounidenses no
hicieron nada por extinguir las llamas. (13)
El
Burger King de Ur
En
vista del valor en el mercado negro de objetos de arte antiguo,
los dirigentes militares de EE.UU. habían recibido la advertencia
de que el saqueo de todos los trece museos nacionales en todo
el país sería un peligro particularmente grave en
los días después de la captura de Bagdad y de su
toma de control de Irak. En el caos que siguió a la Guerra
del Golfo de 1991, vándalos habían robado unos 4.000
objetos de nueve museos regionales diferentes. En términos
monetarios, el comercio ilegal en antigüedades es la tercera
forma más lucrativa de comercio internacional, excedida
en el ámbito global sólo por el contrabando de drogas
y las ventas de armas. (14) Considerando la riqueza del pasado
de Irak, también existen más de 10.000 sitios arqueológicos
importantes esparcidos por el país, de los cuales sólo
1.500 han sido estudiados. Después de la Guerra del Golfo,
varios fueron excavados ilegalmente y sus artefactos vendidos
a coleccionistas internacionales inescrupulosos en los países
occidentales y Japón. Todo esto era conocido por los comandantes
estadounidenses.
En
enero de 2003, antes de la invasión de Irak, una delegación
estadounidense de eruditos, directores de museos, coleccionistas
de arte, y comerciantes en antigüedades se reunieron con
funcionarios en el Pentágono para discutir la próxima
invasión. Advirtieron específicamente que el Museo
Nacional de Bagdad era el sitio más importante del país.
McGuire Gibson del Instituto Oriental de la Universidad de Chicago
dijo: "Pensé que me habían garantizado que
los sitios y museos serían protegidos" (15). Gibson
volvió dos veces al Pentágono para discutir los
peligros, y él y sus colegas enviaron varios correos electrónicos
recordatorios a oficiales militares en las semanas antes de que
comenzara la guerra. Sin embargo, el Guardian de Londres
del 14 de abril de 2003 informó sobre un preludio más
siniestro de lo que quedaba por venir: ricos coleccionistas estadounidenses
con conexiones con la Casa Blanca se ocuparon de "persuadir
al Pentágono para que relajara la legislación que
protege el patrimonio de Irak, que impide su venta en el extranjero".
El 24 de enero de 2003, unos sesenta coleccionistas y comerciantes
basados en Nueva York se organizaron en un nuevo grupo llamado
el Consejo Estadounidense por la Política Cultural y se
reunieron con funcionarios de la administración Bush y
del Pentágono para argumentar que un Irak post-Sadam debería
tener leyes relajadas sobre las antigüedades. (16). Sugirieron
que la apertura del comercio privado en artefactos iraquíes,
ofrecería a esos artículos una mejor seguridad que
la que recibirían en Irak.
La
principal salvaguardia legal internacional para instituciones
y sitios importantes desde el punto de vista histórico
y humanista es la Convención de La Haya por la Protección
de la Propiedad Cultural en Caso de Conflictos Armados, firmada
el 14 de mayo de 1954. EE.UU. no participa en esa convención,
sobre todo porque durante la Guerra Fría, temía
que el tratado podría restringir su libertad de lanzarse
a una guerra nuclear; pero durante la Guerra del Golfo de 1991
el administración de Bush padre aceptó las reglas
de la convención y cumplió con una "lista de
objetivos de no-fuego" de sitios en los que sabía
que existían ítems de valor cultural. (17) La UNESCO
y otros guardianes de artefactos culturales esperaban que la administración
de Bush hijo seguiría los mismos procedimientos en la guerra
de 2003.
Además,
el 26 de marzo de 2003, la Oficina de Reconstrucción y
Ayuda Humanitaria (ORHA, por sus siglas en inglés) del
Pentágono, dirigida por el teniente general en retiro Jay
Garner la autoridad civil que EE.UU. había establecido
para el momento en que cesaran las hostilidades envió
a todos los altos comandantes de EE.UU. una lista de dieciséis
instituciones que "merecen protección lo más
pronto posible para impedir más daño, destrucción,
y / o robo de catálogos y bienes". El memorando de
cinco páginas, enviado dos semanas antes de la caída
de Bagdad, decía también: "Las fuerzas de la
coalición deben asegurar esas instalaciones a fin de impedir
saqueos y la resultante pérdida irreparable de tesoros
culturales" y que "los saqueadores deben ser arrestados
/ detenidos". El primero en la lista de sitios a proteger
del general Garner era el Banco Central de Irak, que ahora es
una ruina; el segundo era el Museo de Antigüedades. En el
sitio dieciséis figuraba el Ministerio de Petróleo,
el único sitio que las fuerzas de EE.UU. que ocuparon Bagdad
defendieron realmente. Martin Sullivan, presidente del Comité
de Consejo del presidente sobre Propiedad Cultural durante los
ocho años anteriores, y Gary Vikan, director del Museo
de Arte Walters en Baltimore y miembro del comité, renunciaron
ambos para protestar contra el hecho que CENTCOM no obedeciera
las órdenes. Sullivan dijo que era "imperdonable"
que el museo no haya tenido la misma prioridad que el Ministerio
de Petróleo. (18)
Como
ahora sabemos, las fuerzas estadounidenses no hicieron ningún
esfuerzo por impedir el saqueo de las grandes instituciones culturales
de Irak: sus soldados simplemente contemplaban a los vándalos
que entraban e incendiaban los edificios. Said Arjomand, editor
de la revista Studies on Persianate Societies y profesor
de sociología en la Universidad del Estado de Nueva York
en Stony Brook, escribió: "Nuestras tropas, que han
estado protegiendo orgullosamente el Ministerio de Petróleo,
donde no hay un solo cristal roto, condonaron deliberadamente
estos horrendos eventos". (19) Los comandantes estadounidenses
afirman que, al contrario, estaban demasiado ocupados combatiendo
y carecían de suficientes soldados para proteger el museo
y las bibliotecas. Sin embargo, parece ser una explicación
improbable. Durante la batalla por Bagdad, los militares de EE.UU.
estuvieron perfectamente dispuestos a despachar unos 2.000 soldados
para proteger los campos petrolíferos del norte de Irak,
y sus antecedentes respecto a las antigüedades no mejoraron
después de que los combates disminuyeron. En la ciudad
sumeria de Ur, de 6.000 años de antigüedad, con su
masivo, zigurat, o torre escalonada del templo (construida en
el período entre 2112 y 2095 aC y restaurada por Nabucodonosor
II en el siglo VI aC), los marines pintaron graffítis con
su consigna: "Semper Fi" (semper fidelis, siempre fieles)
sobre los muros (20). Los militares convirtieron entonces el monumento
en zona prohibida para todos a fin de ocultar la profanación
que había tenido lugar, incluyendo el saqueo por soldados
de EE.UU. de ladrillos de arcilla utilizados en la construcción
de los antiguos edificios.
Hasta
abril de 2003, el área alrededor de Ur, cerca de Nasiriyah,
estaba aislada y era sacrosanta. Sin embargo, los militares eligieron
el terreno inmediatamente adyacente al zigurat para construir
su inmensa Base Aérea Tallil, con dos pistas de aterrizaje
de 4.000 y 3.200 metros de largo respectivamente y cuatro campos
satélites. Al hacerlo, los ingenieros militares movieron
más de 9.500 cargas de camiones de tierra a fin de construir
32.500 metros cuadrados de hangares y otras instalaciones para
aviones y aviones teledirigidos Predator. Arruinaron completamente
el área, el corazón literal de la civilización
humana, para cualquier investigación arqueológica
o turismo futuros. El 24 de octubre de 2003, según la Organización
Global de Seguridad, el Ejército y la Fuerza Aérea
construyeron su propio zigurat moderno: "Abrieron su segundo
Burger King en Tallil. La nueva instalación co-ubicada
con (un)
Pizza Hut, asegura que haya otro restaurante Burger
King para que más soldados de ambos sexos que sirven en
Irak puedan, aunque sea por un momento, olvidar sus tareas en
el desierto y obtener un hálito de ese perfume familiar
que los devuelve a casa". (21)
El
gran arqueólogo británico, Sir Max Mallowan (esposo
de Agatha Christie), que fue pionero de las excavaciones en Ur,
Nineveh y Nimrud, cita algunos consejos clásicos que podrían
haber llevado a los estadounidenses a algo más de prudencia:
"Era peligroso perturbar los monumentos antiguos
Era
sabio e históricamente importante mostrar reverencia hacia
los legados de tiempos antiguos. Ur era una ciudad infestada por
los fantasmas del pasado y era prudente apaciguarlos". (22)
El
comportamiento estadounidense en otros sitios de Irak no fue mejor.
En Babilonia, las fuerzas estadounidenses y polacas construyeron
un depósito militar, a pesar de las objeciones de los arqueólogos.
John Curtis, la autoridad sobre los numerosos sitios arqueológicos
de Irak del Museo Británico, informó sobre una visita
en diciembre de 2004 en la que vio "grietas y brechas donde
alguien había tratado de escoplear los ladrillos decorados
que formaban los famosos dragones de la Puerta Ishtar" y
un "pavimento de 2.600 años de antigüedad apisonado
por vehículos militares". (23) Otros observadores
dicen que el polvo levantado por los helicópteros de EE.UU.
había erosionado la frágil fachada de ladrillos
del palacio de Nabudonosor II, rey de Babilonia de 605 a 562 aC
(24) El arqueólogo Zainab Bahrani informa: "Entre
mayo y agosto de 2004, el muro del Templo de Nabu y el techo del
Templo de Ninmah, ambos del siglo VI aC, se derrumbaron como resultado
del movimiento de helicópteros. Cerca de allí, máquinas
y vehículos pesados están aparcados sobre los restos
de un teatro griego de la era de Alejandro de Macedonia (Alejandro
Magno)". (25)
Y
ninguno de estos eventos comienza siquiera a tratar del masivo,
continuo, saqueo de los sitios históricos en todo Irak
por ladrones por cuenta propia de tumbas y antigüedades,
preparándose para decorar las salas de estar de los coleccionistas
occidentales. El incesante caos y la falta de seguridad llevados
a Irak por nuestra invasión han significado que un futuro
Irak pacífico tendrá dificultades para exhibir un
patrimonio. No deja de ser un logro de la administración
Bush que la cuna del pasado humano haya sido arrojada al mismo
tipo de caos y falta de seguridad como el presente iraquí.
Si la amnesia es una bendición, la suerte de las antigüedades
de Irak representa una especie de paraíso moderno.
Los
partidarios del presidente Bush han hablado interminablemente
de su guerra global contra el terrorismo como de un "choque
de civilizaciones". Pero la civilización que estamos
destruyendo en Irak forma parte de nuestro propio patrimonio.
También forma parte de la herencia del mundo. Antes de
nuestra invasión de Afganistán, condenamos a los
talibán por dinamitar las monumentales estatuas budistas
del siglo III DC en Bamiyan en marzo de 200º1. Eran dos estatuas
gigantescas de destacado valor histórico y la barbarie
involucrada en su destrucción fue proclamada en grandes
titulares y comentarios horrorizados en nuestro país. Hoy
en día, nuestro propio gobierno es culpable de crímenes
mucho más graves cuando se trata de la destrucción
de todo un universo de antigüedad, y pocos aquí, cuando
consideran las actitudes iraquíes hacia la ocupación
estadounidense, se dan la molestia de considerarlos. Pero lo que
no queremos recordar, puede ser que quede demasiado bien registrado
en la memoria de otros.
NOTAS
[1]
American Embassy, London, " Visit of President Bush to Northern
Ireland, April 7-8, 2003."
[2]
William R. Polk, "Introduction," Milbry Polk and Angela M. H.
Schuster, eds., The Looting of the Iraq Museum: The Lost Legacy
of Ancient Mesopotamia (New York: Harry N. Abrams, 2005), p. 5.
Also see Suzanne Muchnic, "Spotlight on Iraq's Plundered Past,"
Los Angeles Times, June 20, 2005.
[3]
David Fromkin, A Peace to End All Peace: The Fall of the Ottoman
Empire and the Creation of the Modern Middle East (New York: Owl
Books, 1989, 2001), p. 450.
[4]
Discurso de George Bush al pueblo iraquí, difundido en
"Towards Freedom TV," 10c de abril de 2003.
[5]
Office of the Under Secretary of Defense for Acquisition, Technology,
and Logistics, Report of the Defense Science Board Task Force
on Strategic Communication (Washington, D.C.: September 2004),
pp. 39-40.
[6]
Vea Frank Rich, "And Now: 'Operation Iraqi Looting,'" New York
Times, April 27, 2003.
[7]
Robert Scheer, "It's U.S. Policy that's 'Untidy,'" Los Angeles
Times, April 15, 2003; reproducido en Books in Flames, Tomdispatch,
April 15, 2003.
[8]
John F. Burns, "Pillagers Strip Iraqi Museum of Its Treasures,"
New York Times, April 13, 2003; Piotr Michalowski (University
of Michigan), The Ransacking of the Baghdad Museum is a Disgrace,
History News Network, April 14, 2003.
[9]
Polk and Schuster, op. cit, pp. 209-210.
[10]
Mark Wilkinson, Looting of Ancient Sites Threatens Iraqi Heritage,
Reuters, June 29, 2005.
[11]
Polk and Schuster, op. cit., pp. 23, 212-13; Louise Jury, "At
Least 8,000 Treasures Looted from Iraq Museum Still Untraced,"
Independent, May 24, 2005; Stephen Fidler, "'The Looters Knew
What They Wanted. It Looks Like Vandalism, but Organized Crime
May be Behind It,'" Financial Times, May 23, 2003; Rod Liddle,
The Day of the Jackals, Spectator, April 19, 2003.
[12]
Humberto Márquez, Iraq Invasion the 'Biggest Cultural Disaster
Since 1258,' Antiwar.com, February 16, 2005.
[13]
Robert Fisk, "Library Books, Letters, and Priceless Documents
are Set Ablaze in Final Chapter of the Sacking of Baghdad," Independent,
April 15, 2003.
[14]
Polk and Schuster, op. cit., p. 10.
[15]
Guy Gugliotta, "Pentagon Was Told of Risk to Museums; U.S. Urged
to Save Iraq's Historic Artifacts," Washington Post, April 14,
2003; McGuire Gibson, "Cultural Tragedy In Iraq: A Report On the
Looting of Museums, Archives, and Sites," International Foundation
for Art Research.
[16]
Rod Little, op. cit..; Oliver Burkeman, Ancient Archive Lost in
Baghdad Blaze, Guardian, April 15, 2003.
[17]
Vea: James A. R. Nafziger, Art Loss in Iraq: Protection of Cultural
Heritage in Time of War and Its Aftermath, International Foundation
for Art Research.
[18]
Paul Martin, Ed Vulliamy, and Gaby Hinsliff, U.S. Army was Told
to Protect Looted Museum, Observer, April 20, 2003; Frank Rich,
op. cit.; Paul Martin, "Troops Were Told to Guard Treasures,"
Washington Times, April 20, 2003.
[19]
Said Arjomand, Under the Eyes of U.S. Forces and This Happened?,
History News Network, April 14, 2003.
[20] Ed Vulliamy, Troops 'Vandalize' Ancient City of Ur, Observer,
May 18, 2003; Paul Johnson, Art: A New History (New York: HarperCollins,
2003), pp. 18, 35; Polk and Schuster, op. cit., p. 99, fig. 25.
[21]
Tallil Air Base, GlobalSecurity.org.
[22]
Max Mallowan, Mallowan's Memoirs (London: Collins, 1977), p. 61.
[23]
Rory McCarthy and Maev Kennedy, Babylon Wrecked by War, Guardian,
January 15, 2005.
[24]
Owen Bowcott, Archaeologists Fight to Save Iraqi Sites, Guardian,
June 20, 2005.
[25]
Zainab Bahrani, "The Fall of Babylon," in Polk and Schuster, op.
cit., p. 214.
Copyright
2005 Chalmers Johnson
Este
ensayo es un pasaje de "Nemesis: The Crisis of the American
Republic", de Chalmers Johnson que será publicado
por Metropolitan Books a fines de 2006, el último volumen
de "Blowback Trilogy". Los primeros dos volúmenes
son "Blowback: The Costs and Consequences of American Empire"
(2000) y "The Sorrows of Empire: Militarism, Secrecy, and
the End of the Republic" (2004).
Título
original: The Smash of Civilizations
http://www.zmag.org/content/showarticle.cfm?SectionID=15&ItemID=8248
Tradução
para o espahol: Germán Leyens
samba<info@imediata.com>
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