Veja
Vídeo-instalações de Bill Lundberg
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Hans
Haacke, Rhinewater Purification Plant, 1972.
Museum
Haus Lange, Krefeld, Germany © VGBild-Kunst
Diálogos
Possíveis
Bill
Lundberg
Tradução
Imediata
A
arte se move, em nossa cultura contemporânea, de uma maneira
bem exploratória e interdisciplinar. Em meu modo de ver,
tenho experienciado que o intercâmbio com cientistas, poetas,
músicos e escritores vem se tornando um profundo estímulo
ao desenvolvimento do meu trabalho.
Muitos
dos artistas com quem convivo também têm interesses
que vão além da arte propriamente dita; interesses
que se estedem, por exemplo, ao campo da antropologia, mitologia,
astronomia e até mesmo às leis do direito.
Foi
por causa disso que eu criei a cadeira de "Transmídia"
para o Departamento de Arte e História da Arte da Universidade
do Texas, em Austin. O fundamento básico desta cadeira
foi de que esse curso deveria se ancorar em conceitos e idéias,
ao invés de apoiar-se em tecnologias ou numa mídia
em particular. Nos vinte anos de existência do programa,
a nossa ênfase foi a de nos focalizarmos nas Artes baseadas
no uso do Tempo, tais como: filme, vídeo, áudio
e performance. E, naturalmente, a principal ferramenta para este
tipo de trabalho experimental é o computador.
Já
é de básico conhecimento, hoje em dia, que a tecnologia
digital que tem sido usada para todos os aspectos da sociedade,
tornou-se também um dos principais instrumentos do fazer
artístico. Com relação a isso, é importante
considerar-se que quando artistas de filme e vídeo lançam
mão dessas mídias, elas já são mídias
bem conhecidas do público em geral. Mas o mais importante
é o fato de que um bom número de artistas contemporâneos
não encara a arte apenas como uma expressão auto-referencial,
nem a usa com o propósito de produzir apenas experiências
estéticas, mas sim se vale dela (a arte), como um meio
especial de conectar e de intuir temas e idéias encontradas
em outras disciplinas e na cultura em geral.
De
uma maneira ou de outra, os artistas visuais sempre se inspiraram
em obras de poetas ou de músicos. Um grande exemplo é
a monumental e profunda influência que as teorias musicais
e performáticas de John Cage tiveram sobre
muitos
e variados artistas
tais como: Robert Rauschenberg, Nam
June Paik, On Kawara e Stan Brakhage, isso só para citar
uma lista ultra editada. Durante os anos 70, muitas pessoas treinadas
em outras profissões, tais como engenharia, medicina, e
ciências em geral se tornaram artistas e trouxeram uma perspectiva
totalmente diferente para a prática da História
do fazer artístico. O principal exemplo foi Joseph Beuys,
que estudou biologia antes de se interessar pelo estudo da arte
e cujo pensamento se desenvolveu a ponto de encarar a arte como
uma "escultura social".
Para
muitos artistas, a "idéia" é o ponto de
partida do trabalho, em vez de ser a mídia. E isso implica
que é a idéia que motiva e determina a escolha da
mídia ou do método de expressão. Esta maneira
de encarar o fazer artístico começou no início
do século XX e se desenvolveu como uma sensibilidade estética
que divergiu de maneira bem significativa da pintura e da escultura
tradicionais. Isso levou certos artistas à adoção
de mídias que já haviam se tornado populares (tais
como filme, vídeo, fotografia, computação).
Foi assim que muitos artistas da década de 1920
como Duchamp, Dali, Léger, Picabia, Man Ray, Hans Richter
experimentaram com filme e com a idéia da obra de
arte como "evento" ao invés de "objeto".
Essa
prática da germinação de uma obra de arte
através de uma "idéia" inicial que faça
ou não referência à arte, ou aos padrões
estabelecidos da estética, é algo crítico
no fazer artístico contemporâneo. Para escolher entre
milhares de exemplos que usam esta "visão", poderíamos
citar a obra dos anos 70 titulada "Rio Reno", um projeto
de Hans Haacke, que foi um dos primeiros trabalhos ecológicos
a despertar a atenção para a poluição
da água. E isso foi feito através de uma construção
de filtragem de água apresentada como obra artística.
Os subseqüentes trabalhos que Haacke desenvolveu também
partiram de estudos feitos de um ponto de vista de "pesquisador
acadêmico", para expressar suas convicções
éticas e morais. Sua visão do papel do artista na
sociedade era similar à de Beuys, que viu o artista como
um estudioso polivalente, comprometido não só com
o desenvolvimento da condição da estética
da sociedade, mas também com a melhoria de suas condições
políticas e ecológicas.
Um
exemplo interessante dos anos 80, em termos do cruzamento interdisciplinar
na arte foram os vibrantes e retangulares tapetes de pólen
de Wolfgang, que eram ao
mesmo
tempo altamente visuais e, por assim dizer, minimalistas, mas
que também expressavam idéias sobre a fertilidade
e que podiam ser igualmente tomados como referência tanto
para com à Botânica, quanto com relação
à Arte.
Muitos
artistas procuram por idéias e pelos métodos do
pensamento em outros campos do conhecimento. Essa é uma
resposta natural à mudança de nosso ambiente cultural
e ao constante crescimento do nosso conhecimento e consciência
do mundo e de nós mesmos.
samba<info@imediata.com>
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