Abaixo o desânimo

 

 


Howard Zinn
TomDispatch.com

24 de maio de 2005

Tradução Imediata

Em 1963, o historiador Howard Zinn foi despedido do Spelman College, onde era professor titular do Departamento de História, devido às suas atividades em prol dos direitos civis. Neste ano, ele foi convidado pela mesma instituição, para ser o paraninfo da turma que acabou de se graduar. Eis o texto do discurso que ele proferiu no dia 15 de maio de 2005.

Estou profundamente honrado pelo convite de voltar para o Spelman College, quarenta e dois anos depois. Gostaria de agradecer à faculdade e aos administradores que votaram para me convidar, e especialmente o seu presidente, a Dra. Beverly Tatum. E é um privilégio especial estar aqui com Diahann Carroll e Virginia Davis Floyd.

Mas este é o dia de vocês — estudantes que estão se graduando hoje. É um dia feliz para vocês e suas famílias. Eu sei que vocês têm suas próprias esperanças para o futuro, assim, acho que seria um pouco presunçoso, para mim, dizer-lhes quais são as esperanças que eu tenho com relação a vocês. Mas são exatamente as mesmas que eu tenho com relação aos meus netos.

Minha primeira esperança é que vocês não se sintam desencorajados pelo jeito que o mundo parece estar, nesse momento. É fácil desanimar, porque a nossa nação está em guerra — ainda outra guerra, guerra após guerra — e nosso governo parece determinado a expandir seu império, mesmo se isso custa a vida a milhares e milhares de seres humanos. Há pobreza neste país, e gente sem teto, e pessoas sem cuidados de saúde, e salas de aula sobrecarregadas, mas nosso governo, que tem trilhões de dólares para gastar, está gastando sua riqueza na guerra. Há um bilhão de pessoas na África, na Ásia, na América Latina e no Oriente Médio, que precisam de água potável e remédios, para poder lidar com a malária, a tuberculose e a AIDS, mas nosso governo, que tem milhares de armas nucleares, está experimentando armas ainda mais letais. Sim, é fácil perder o ânimo com tudo isso.

Mas, permitam-me dizer porque, apesar de tudo o que acabo de descrever, vocês não deveriam desanimar.

Gostaria de lembrar que, há cinqüenta anos, a segregação racial aqui no Sul estava tão entrincheirada quanto o apartheid na África do Sul. O governo nacional, mesmo com presidentes liberais como Kennedy e Johnson, olhava para o outro lado, enquanto a população negra era atacada e assassinada, e negava-se a ela o direito de voto. Assim, a população negra do Sul decidiu que devia fazer algo por si própria. Eles fizeram boicotes e protestos pacíficos, piquetes e manifestações, e foram surrados e encarcerados, alguns foram mortos, mas seus gritos de liberdade foram logo ouvidos por toda a nação, e em todo o mundo, e o Presidente e o Congresso finalmente fizeram o que até então não tinham feito — fazer respeitar as emendas 14 e 15 da Constituição. Muitos disseram: o Sul nunca mudará. Mas, de fato, mudou. Mudou porque as pessoas comuns se organizaram e assumiram riscos e desafiaram o sistema, recusando-se a desistir. É aí que a democracia toma vida.

Gostaria também de lembrar que enquanto ocorria a guerra do Vietnã, e jovens americanos estavam morrendo e voltando para casa paralíticos, e nosso governo estava bombardeando os vilarejos do Vietnã — bombardeando escolas e hospitais, e matando civis em números muito elevados — parar a guerra parecia algo sem qualquer possibilidad de esperança. Mas da mesma forma como aconteceu com o movimento do Sul, o povo começou a protestar, e logo o protesto se amplificou. Os soldados voltavam e denunciavam a guerra, e os jovens se recusavam a servir no exército, e a guerra teve que acabar.

A lição daquela história é que vocês não devem se desesperar, que se vocês estiverem certos, e persistirem, as coisas acabam mudando. O governo pode tentar enganar as pessoas, e os jornais e a televisão fazem o mesmo, mas a verdade tem sempre um modo de despontar. Uma verdade é mais poderosa do que cem mentiras. Sei que vocês têm coisas práticas para fazer — achar um trabalho, casar, ter filhos. Vocês poderão se tornar prósperos e ser considerados um sucesso, no modo como a nossa sociedade define sucesso, segundo a riqueza, a posse e o prestígio. Mas isso não basta para uma vida boa.

Lembrem-se do livro de Tolstoi: "A morte de Ivan Illych". Um homem, em seu leito de morte, reflete sobre sua vida, sobre como fez tudo do modo correto, obedeceu as regras, tornou-se juiz, casou-se, teve filhos, e é considerado um sucesso. Apesar disso, em sua última hora, pergunta-se porque se sente um fracasso. Depois de tornar-se um famoso romancista, o próprio Tolstoi decidiu que isso não era suficiente, que devia falar contra o tratamento dos camponeses na Rússia, que devia escrever contra a guerra e o militarismo.

Minha esperança é que, independentemente do que vocês fizerem para ter uma vida boa para si próprios — seja como professor, ou assistente social, ou homem ou mulher de negócios, ou advogado, ou poeta, ou cientista — vocês dediquem parte de suas vidas para fazer deste um mundo melhor para seus filhos, e para todas as crianças. Minha esperança é que a geração de vocês exija o fim da guerra, que a geração de vocês faça algo que ainda não tenha sido feito na história, e que erradique as fronteiras nacionais que nos separam dos outros seres humanos neste planeta.

Recentemente, vi uma foto na capa do New York Times — e não consigo tirar essa imagem da cabeça. Mostrava cidadãos americanos sentados em cadeiras, na fronteira do sul do Arizona, olhando para o México. Eles empunhavam espingardas e estavam à espera dos mexicanos que estariam tentando atravessar a fronteira com os Estados Unidos. Fiquei horrorizado com isso — o fato de que, no século XXI, naquilo que chamamos de "civilização", tenhamos talhado um mundo, que afirmamos ser um, em duzentas entidades artificialmente criadas, que chamamos de "nações", prontas para matar o primeiro que tentar cruzar a fronteira.

Mas não é o nacionalismo — aquela devoção a uma bandeira, a um hino, a uma fronteira, tão violento que leva ao assassinato — um dos piores males do nosso tempo, juntamente com o racismo e com o ódio religioso? Esses modos de pensar - cultivados, alimentados, doutrinados desde a infância - têm sido úteis para quem está no poder, e mortais para quem está fora dele.

Aqui nos Estados Unidos, somos levados a crer que nossa nação é diferente das outras, uma exceção no mundo, excepcionalmente moral; que nos expandimos em outras terras para levar a civilização, a liberdade, a democracia. Mas se vocês tiverem um conhecimento mínimo de história, sabem que isso não é verdade. Se tiverem algum conhecimento de história, então sabem que massacramos os índios deste continente, que invadimos o México, que enviamos exércitos para Cuba e para as Filipinas. Matamos um número altíssimo de pessoas, sem ter levado para elas a democracia ou a liberdade. Não fomos ao Vietnã para levar a democracia; não invadimos o Panamá para acabar com o tráfico de drogas; não invadimos o Afeganistão e o Iraque para acabar com o terrorismo. Nossos objetivos foram os objetivos de todos os outros impérios da história mundial — maiores lucros para as corporações, mais poder para os políticos.

Parece que os poetas e artistas entre nós têm uma compreensão mais clara da doença do nacionalismo. Talvez os poetas negros, especialmente, ficam menos fascinados pelas virtudes da "liberdade" e "democracia" americanas, já que seu povo pode desfrutar tão pouco das mesmas. O grande poeta afroamericano Langston Hughes dirigiu-se ao seu país da seguinte forma:

 

Você, de fato, não foi virgem por muito tempo.

É ridículo continuar dando essa desculpa…

Você se deitou com todos os grandes poderes

em uniforme militares,

e você você tomou a doce vida

de todos os pequenos companheiros de cor…

Sendo um dos grandes vampiros do mundo,

Porque não assume e fala claro

como o Japão, a Inglaterra, a França.

e todos os outros ninfomaníacos de poder.

 

Eu sou um veterano da Segunda Guerra Mundial. Aquela era considerada uma "boa guerra", mas cheguei à conclusão de que a guerra não resolve nenhum problema fundamental, e só leva a mais guerras. A guerra envenena a mente dos soldados, leva-os a matar e torturar, e envenena a alma da nação.

Minha esperança é que a geração de vocês exija que seus filhos cresçam num mundo sem guerra. Se quisermos um mundo no qual povos de todos os países sejam irmãos, se as crianças do mundo todo sejam consideradas nossos filhos, então a guerra — onde as crianças são sempre as maiores vítimas — não pode ser aceita como um modo de se solucionar problemas.

Eu fiz parte do quadro docente do Spelman College por sete anos, de 1956 a 1963. Foram anos muito especiais, porque os amigos que fizemos naqueles anos continuaram nossos amigos em todos esses anos. Minha esposa Roslyn e eu, e nossos dois filhos vivíamos no campus. Às vezes, quando íamos à cidade, algumas pessoas brancas nos perguntavam: Como é viver numa comunidade negra? Era difícil explicar. Mas sabíamos uma coisa — que no centro de Atlanta, nós nos sentíamos como se estivéssemos numa terra alienígena, e que quando voltávamos ao campus do Spelman, sentíamos que estávamos em casa.

Aqueles anos no Spelman foram os anos mais excitantes de minha vida, e os mais educativos, sem dúvida. Aprendi mais com os meus alunos do que eles aprenderam comigo. Aqueles eram os anos do grande movimento no Sul contra a segregação racial, e eu me envolvi nele em Atlanta, em Albany, Georgia, em Selma, Alabama, em Hattiesburg, Mississippi, e em Greenwood, em Itta Bena, em Jackson. Aprendi algo sobre a democracia: que ela não vem do governo, do alto, vem das pessoas que se juntam e lutam por justiça. Aprendi sobre raça. Aprendi algo que qualquer pessoa inteligente percebe, a um certo ponto — que raça é uma coisa manufaturada, uma coisa artificial, e que, embora raça importe (como escreveu Cornell West), ela só importa porque certas pessoas querem que ela importe, assim como o nacionalismo, que também é algo artificial. Aprendi que o que realmente importa é que todos nós — seja qual for a "chamada" raça ou a "chamada" nacionalidade — somos seres humanos e deveríamos todos nos querer bem.

Eu tive sorte de estar no Spelman numa época em que pude observar uma maravilhosa transformação nos meus alunos, que eram tão educados, tão quietos, e então, de repente, deixavam o campus e iam para a cidade, e protestavam, eram presos, e saíam da cadeia cheios de fogo e rebelião. Vocês podem ler tudo sobre isso no livro de Harry Lefever: Undaunted by the Fight (Audazes pela Luta). Um certo dia Marian Wright (hoje Marian Wright Edelman), que era aluna minha na Spelman, e foi uma das primeiras a ser presa nos protestos pacíficos de Atlanta, veio em casa no campus para nos mostrar uma petição que ia afixar no quadro de avisos do alojamento. O título da petição era a epítome da transformação que estava ocorrendo no Spelman College. Marian tinha escrito em cima da petição: "As Senhoritas que puderem protestar pacificamente, por favor, assinem abaixo."

Minha esperança é que vocês não se satisfaçam apenas de ter sucesso do modo como a nossa sociedade mede o sucesso; que vocês não obedecerão as regras, quando as regras forem injustas; que vocês desempenharão a coragem que eu sei que vocês têm. Há pessoas maravilhosas, negros, brancos, que são modelos. Não estou me referindo a afroamericanos como Condoleezza Rice, ou Colin Powell, ou Clarence Thomas, que se tornaram criados dos ricos e poderosos. Estou me referindo a W.E.B. DuBois e Martin Luther King e Malcolm X e Marian Wright Edelman, e James Baldwin e Josephine Baker e aos branco bons, também, que desafiaram o establishment para trabalhar por paz e justiça.

Outro de meus alunos no Spelman foi Alice Walker. Como Marian, ficamos amigos esses anos todos. Vinha de uma família de agricultores arrendatários em Eatonton, Georgia, e tornou-se uma famosa escritora. Em um de seus primeiros poemas publicados, escreveu:

 

É verdade—

Sempre amei

aqueles que

ousam.

Como o jovem

negro

que tentou

quebrar

todas as barreiras

de uma vez.

Queria

nadar

numa praia

branca (no Alabama)

nu.

 

Não estou sugerindo que vocês cheguem a esse ponto, mas vocês poderão ajudar a derrubar barreiras, certamente as de raça, mas também as de nacionalismo; que vocês façam o que puderem — vocês não precisam fazer algo heróico, apenas algo, juntem-se aos demais milhões que também fazem apenas algo; porque todos esses algos, em certos momentos da história, convergem, e tornam o mundo melhor.

A maravilhosa escritora afroamericana Zora Neale Hurston, que se recusava a fazer o que os brancos queriam que ela fizesse, e que se recusava a fazer o que os negros queriam que ela fizesse, que insistiu em ser ela mesma, disse que sua mãe lhe tinha dado um conselho: "Pule em direção ao sol — talvez você não possa alcançá-lo, mas pelo menos se livrará do solo."

Por estarem aqui hoje, vocês já estão na ponta dos pés, prontos para o pulo. Minha esperança é que tenham todos uma vida boa.

Howard Zinn é o autor, juntamente com Anthony Arnov, do recém publicado Voices of a People's History of the United States (Seven Stories Press) e do best seller internacional A People's History of the United States.

 

© 2005 Howard Zinn

 

 

Against Discouragement

by Howard Zinn

 

Published on Tuesday, May 24, 2005 by TomDispatch.com

In 1963, historian Howard Zinn was fired from Spelman College, where he was chair of the History Department, because of his civil rights activities. This year, he was invited back to give the commencement address. Here is the text of that speech, given on May 15, 2005.

I am deeply honored to be invited back to Spelman after forty-two years. I would like to thank the faculty and trustees who voted to invite me, and especially your president, Dr. Beverly Tatum. And it is a special privilege to be here with Diahann Carroll and Virginia Davis Floyd.

But this is your day -- the students graduating today. It's a happy day for you and your families. I know you have your own hopes for the future, so it may be a little presumptuous for me to tell you what hopes I have for you, but they are exactly the same ones that I have for my grandchildren.

My first hope is that you will not be too discouraged by the way the world looks at this moment. It is easy to be discouraged, because our nation is at war -- still another war, war after war -- and our government seems determined to expand its empire even if it costs the lives of tens of thousands of human beings. There is poverty in this country, and homelessness, and people without health care, and crowded classrooms, but our government, which has trillions of dollars to spend, is spending its wealth on war. There are a billion people in Africa, Asia, Latin America, and the Middle East who need clean water and medicine to deal with malaria and tuberculosis and AIDS, but our government, which has thousands of nuclear weapons, is experimenting with even more deadly nuclear weapons. Yes, it is easy to be discouraged by all that.

But let me tell you why, in spite of what I have just described, you must not be discouraged.

I want to remind you that, fifty years ago, racial segregation here in the South was entrenched as tightly as was apartheid in South Africa. The national government, even with liberal presidents like Kennedy and Johnson in office, was looking the other way while black people were beaten and killed and denied the opportunity to vote. So black people in the South decided they had to do something by themselves. They boycotted and sat in and picketed and demonstrated, and were beaten and jailed, and some were killed, but their cries for freedom were soon heard all over the nation and around the world, and the President and Congress finally did what they had previously failed to do -- enforce the 14th and 15th Amendments to the Constitution. Many people had said: The South will never change. But it did change. It changed because ordinary people organized and took risks and challenged the system and would not give up. That's when democracy came alive.

I want to remind you also that when the war in Vietnam was going on, and young Americans were dying and coming home paralyzed, and our government was bombing the villages of Vietnam -- bombing schools and hospitals and killing ordinary people in huge numbers -- it looked hopeless to try to stop the war. But just as in the Southern movement, people began to protest and soon it caught on. It was a national movement. Soldiers were coming back and denouncing the war, and young people were refusing to join the military, and the war had to end.

The lesson of that history is that you must not despair, that if you are right, and you persist, things will change. The government may try to deceive the people, and the newspapers and television may do the same, but the truth has a way of coming out. The truth has a power greater than a hundred lies. I know you have practical things to do -- to get jobs and get married and have children. You may become prosperous and be considered a success in the way our society defines success, by wealth and standing and prestige. But that is not enough for a good life.

Remember Tolstoy's story, "The Death of Ivan Illych." A man on his deathbed reflects on his life, how he has done everything right, obeyed the rules, become a judge, married, had children, and is looked upon as a success. Yet, in his last hours, he wonders why he feels a failure. After becoming a famous novelist, Tolstoy himself had decided that this was not enough, that he must speak out against the treatment of the Russian peasants, that he must write against war and militarism.

My hope is that whatever you do to make a good life for yourself -- whether you become a teacher, or social worker, or business person, or lawyer, or poet, or scientist -- you will devote part of your life to making this a better world for your children, for all children. My hope is that your generation will demand an end to war, that your generation will do something that has not yet been done in history and wipe out the national boundaries that separate us from other human beings on this earth.

Recently I saw a photo on the front page of the New York Times which I cannot get out of my mind. It showed ordinary Americans sitting on chairs on the southern border of Arizona, facing Mexico. They were holding guns and they were looking for Mexicans who might be trying to cross the border into the United States. This was horrifying to me -- the realization that, in this twenty-first century of what we call "civilization," we have carved up what we claim is one world into two hundred artificially created entities we call "nations" and are ready to kill anyone who crosses a boundary.

Is not nationalism -- that devotion to a flag, an anthem, a boundary, so fierce it leads to murder -- one of the great evils of our time, along with racism, along with religious hatred? These ways of thinking, cultivated, nurtured, indoctrinated from childhood on, have been useful to those in power, deadly for those out of power.

Here in the United States, we are brought up to believe that our nation is different from others, an exception in the world, uniquely moral; that we expand into other lands in order to bring civilization, liberty, democracy. But if you know some history you know that's not true. If you know some history, you know we massacred Indians on this continent, invaded Mexico, sent armies into Cuba, and the Philippines. We killed huge numbers of people, and we did not bring them democracy or liberty. We did not go into Vietnam to bring democracy; we did not invade Panama to stop the drug trade; we did not invade Afghanistan and Iraq to stop terrorism. Our aims were the aims of all the other empires of world history -- more profit for corporations, more power for politicians.

The poets and artists among us seem to have a clearer understanding of the disease of nationalism. Perhaps the black poets especially are less enthralled with the virtues of American "liberty" and "democracy," their people having enjoyed so little of it. The great African-American poet Langston Hughes addressed his country as follows:

You really haven't been a virgin for so long.

It's ludicrous to keep up the pretext…

You've slept with all the big powers

In military uniforms,

And you've taken the sweet life

Of all the little brown fellows…

Being one of the world's big vampires,

Why don't you come on out and say so

Like Japan, and England, and France,

And all the other nymphomaniacs of power.

I am a veteran of the Second World War. That was considered a "good war," but I have come to the conclusion that war solves no fundamental problems and only leads to more wars. War poisons the minds of soldiers, leads them to kill and torture, and poisons the soul of the nation.

My hope is that your generation will demand that your children be brought up in a world without war. It we want a world in which the people of all countries are brothers and sisters, if the children all over the world are considered as our children, then war -- in which children are always the greatest casualties -- cannot be accepted as a way of solving problems.

I was on the faculty of Spelman College for seven years, from 1956 to 1963. It was a heartwarming time, because the friends we made in those years have remained our friends all these years. My wife Roslyn and I and our two children lived on campus. Sometimes when we went into town, white people would ask: How is it to be living in the black community? It was hard to explain. But we knew this -- that in downtown Atlanta, we felt as if we were in alien territory, and when we came back to the Spelman campus, we felt that we were at home.

Those years at Spelman were the most exciting of my life, the most educational certainly. I learned more from my students than they learned from me. Those were the years of the great movement in the South against racial segregation, and I became involved in that in Atlanta, in Albany, Georgia, in Selma, Alabama, in Hattiesburg, Mississippi, and Greenwood and Itta Bena and Jackson. I learned something about democracy: that it does not come from the government, from on high, it comes from people getting together and struggling for justice. I learned about race. I learned something that any intelligent person realizes at a certain point -- that race is a manufactured thing, an artificial thing, and while race does matter (as Cornell West has written), it only matters because certain people want it to matter, just as nationalism is something artificial. I learned that what really matters is that all of us -- of whatever so-called race and so-called nationality -- are human beings and should cherish one another.

I was lucky to be at Spelman at a time when I could watch a marvelous transformation in my students, who were so polite, so quiet, and then suddenly they were leaving the campus and going into town, and sitting in, and being arrested, and then coming out of jail full of fire and rebellion. You can read all about that in Harry Lefever's book Undaunted by the Fight. One day Marian Wright (now Marian Wright Edelman), who was my student at Spelman, and was one of the first arrested in the Atlanta sit-ins, came to our house on campus to show us a petition she was about to put on the bulletin board of her dormitory. The heading on the petition epitomized the transformation taking place at Spelman College. Marian had written on top of the petition: "Young Ladies Who Can Picket, Please Sign Below."

My hope is that you will not be content just to be successful in the way that our society measures success; that you will not obey the rules, when the rules are unjust; that you will act out the courage that I know is in you. There are wonderful people, black and white, who are models. I don't mean African- Americans like Condoleezza Rice, or Colin Powell, or Clarence Thomas, who have become servants of the rich and powerful. I mean W.E.B. DuBois and Martin Luther King and Malcolm X and Marian Wright Edelman, and James Baldwin and Josephine Baker and good white folk, too, who defied the Establishment to work for peace and justice.

Another of my students at Spelman, Alice Walker, who, like Marian, has remained our friend all these years, came from a tenant farmer's family in Eatonton, Georgia, and became a famous writer. In one of her first published poems, she wrote:

It is true--

I've always loved

the daring

ones

Like the black young

man

Who tried

to crash

All barriers

at once,

wanted to

swim

At a white

beach (in Alabama)

Nude.

I am not suggesting you go that far, but you can help to break down barriers, of race certainly, but also of nationalism; that you do what you can -- you don't have to do something heroic, just something, to join with millions of others who will just do something, because all of those somethings, at certain points in history, come together, and make the world better.

That marvelous African-American writer Zora Neale Hurston, who wouldn't do what white people wanted her to do, who wouldn't do what black people wanted her to do, who insisted on being herself, said that her mother advised her: Leap for the sun -- you may not reach it, but at least you will get off the ground.

By being here today, you are already standing on your toes, ready to leap. My hope for you is a good life.

Howard Zinn is the author with Anthony Arnove of the just published Voices of a People's History of the United States (Seven Stories Press) and of the international best-selling A People's History of the United States.

© 2005 Howard Zinn

 

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