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Multiculturalismo ou segregação? |
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Rocco Galati Tradução
Imediata |
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A palavra "multiculturalismo" evoca, em Toronto, imagens do tipo festa da salsicha na "Little Italy" de College Street, ou o festival do Souvlaki na "Greek Town" de Danforth, ou as festividades do kebab no bairro do "sudeste asiático" de Gerrard Street, ou qualquer outra festa de comida ou danças típicas ou torneios do biquini em dias abafados de verão. Mas enquanto se come ao som de bandas musicais que deixam um tanto a desejar, com suas ainda piores melodias, não queira entreter quaisquer noções legais, culturais ou políticas de "multiculturalismo". Ela não existem. Os parâmetros políticos, culturais e legais de "multiculturalismo" se reduzem a isso: anglo-saxó(filos) e quebecois "pura lã" são animais superiores a todos os demais, inclusive aos canadenses nativos, e o resto de nós podemos "usufruir" e "celebrar" o nosso "multiculturalismo". Assim, enquanto você mastiva vorazmente uma salsicha, um souvlaki, um chapatti ou kebab, durante uma dessas festividades, tente digerir um pouco de política e direito. Em 1982, quando a Magna Carta (Charter of Rights) foi decretada, foi incluído o s. 27, o qual postula: Esta Carta deverá ser interpretada de uma maneira consistente com a preservação e o aprimoramento da herança cultural dos canadenses. Será que isso significa o direito de receber fundos públicos para escolas com denominação outra que a das maiorias anglo e franco? Não. A Corte Suprema do Canadá bateu a porta. Só as duas raças superiores têm esses direitos linguísticos. Será que isso significa fundar hospitais que servem "multiculturalismo"? Não. Hospitais de língua francesa têm direito, dizem os tribunais e, obviamente, o resto falará inglês. Será que isso significa qualquer tipo de alocação de tempo proporcional, nos canais que contam com fundos públicos, como a CBC, a TVO, e em outras ondas de transmissão públicas? Nem pensar. Deve-se lutar pelas licenças CRTC "privadas". Será que isso significa nomeações civis ou judiciais representativas? Só rindo, de estourar uma hérnia. Não mais de 1,7% de todos os funcionários federais civis de nível mais elevado tem origem outra que anglo ou franco. O judiciário federal não é mais racialmente integrado que o da África do Sul sob o apartheid. Não há juízes que não sejam brancos na Corte Suprema, no Tribunal Federal e no Tribunal de Contas do Canadá. Os que querem forçar o multiculturalismo apontarão as raros, minguadas, freqüentemente conservadoras nomeações que servem as raças superiores, como o ópio do sucesso. Esse "multiculturalismo" vê os descendentes culturais de César, Michelangelo, Galileu, Meucci, Marconi e Fermi relegados a servirem salsicha na College Street, e os descendentes culturais de Aristóteles, Platão, Sócrates, o souvlaki em Danforth, e as raças hindu-árabes, que nos legaram, entre outras coisas, o zero, a matemática, assim como todo o nosso legado cultural ocidental de volta, na Idade Média, traduzindo do árabe o que tínhamos queimado e perdido em latim e grego estão, por sua vez, rechaçando o envelope do "terrorismo". A coisa não para aí, as raças superiores deste país não deixam de lado nem a própria história. Assim, os Cristoforo Colombos, os Giovanni Cabottos são anglicizados nos "John Cabots" da história canadense etnicamente purificada. Uma mostra de Da Vinci, num dos mais importantes museus de Montréal, foi titulada "Obras selecionadas de Leonard De Vince." Arquivistas de Vancouver, nos anos 30, mudaram os nomes e as referências em espanhol e português para o inglês, em homanagem ao Lorde Vancouver. Os canadenses, apesar das resoluções de número 269 de 25 de setembro de 2001, passadas pelo Congresso dos Eua, reconhecendo Antonio Meucci como o inventor do telefone, anos antes de Bell, ainda continuam com Graham Bell na maior competição canadense como inventor do telefone. A lista continua. E quanto aos negócios? O multiculturalismo é um bom negócio? Podes crer. Mas bom negócio para quem? Tenha em mente que, no Canadá, o funcionalismo público é o maior empregador. O governo se tornou o maior negócio. O mesmo vale para os contratos do governo. Quais as bocas da nossa sociedade multicultural que recebem as maiores fatias do governo? A guetificação do multiculturalismo beneficia as duas elites raciais e racistas do Canadá. Beneficia igualmente o número muito reduzido de bordéis "multiculturais", que enaltecem as virtudes desse nonsense limitado ao seu próprio ganho financeiro em detrimento da igualdade e dignidade do resto de nós. Esses colaboradores culturais que escancaram suas carteiras, às vezes sem estarem cientes do estrago que fazem, são completamente ignorantes de que a história do "multiculturalismo" é recente, um fenômeno posterior à Segunda Guerra Mundial, e continua. O "multiculturalismo" é bom, também, para os grandes negócios. Assim, companhias de alimentos multinacionais fazem propaganda de pizzas incomíveis vendidas por um punhado de espertalhões falsificadores. A propaganda odiosa que atrai os não-italianos, todos em busca de uma maior participação de mercado. Cadeias de fast food que agora mascateiam a comida "étnica" como se ela fosse deles. Há outra característica do multiculturalismo: traga o seu dinheiro, seu talento, seus melhores produtos e nós vamos nos apropriar deles. Mas não peça nada em troca. Não peça nada que se pareça remotamente com igualdade ou dignidade, quando se trata de direitos substantivos à oportunidade, serviço governamental ou inclusão institucional. Para que o "multiculturalismo" funcione, todos os membros de todas as culturas devem se beneficiar de uma mesma condição. Não somente duas raças selecionadas que obtiveram o que obtiveram por meio da agressão militar, da dominação étnica, e de um quase genocídio cultural. Mas daí, novamente, se fôssemos todos tratados com igualdade, a própria noção necessariamente desapareceria. Enquanto podemos falar de multiculturalismo numa escala planetária, é uma falta de senso fazê-lo dentro de uma comunidade organizada que, institucional, consitucional e historicamente impõe o reconhecimento de duas raças superiores. Assim, isso só faz sentido quando o multiculturalismo é o osso atirado a nós, os cachorros, pelos amos ingleses e franceses. Junto com aquele osso, vem o super mito de que o multiculturalismo equivale à tolerância mútua. Um exame mais próximo revela que se trata de uma guetificação mútua e exclusiva, que está agora se tornando uma segregação institucional flagrante, através de coisas como os tribunais da sharia, uma "alternativa multicultural" privada aos tribunais "públicos". O que é "público" é anglo e franco, o que é "privado", em nome do multiculturalismo, é todo o resto, estilhaçado e denegrido em raça, religião e língua. Esse estereótipo limitado, exagerado e homogeneamente insultante, permitido pelas duas raças superiroes, é aquilo que se vê nas ruas durante as festividades de comidas e danças típicas. É assim porque agrada ao paladar dessa visão de réptil de quem somos. Eles ignoram e suprimem os cientistas, inventores, arquitetos, escritores e juristas entre nós, e nossas respectivas realizações. Na qualidade de advogado constitucional, a noção de "multiculturalismo", como tem sido esmolada, abusada e explorada pelas elites dominantes, e tolerada e propagandeada pelos tribunais, me dá não somente azia, como também constipação. Nunca tenho tempo nem tolerância para essa doutrina sufocantemente divisora e colonizante que pertence à era vitoriana. Como vegetariano, meu paladar também não aprecia salsicha, souvlaki ou kabab. Eu acredito que comidas e danças deveriam ser celebradas em banquetes e em salas de dança, e não nas ruas, como um substituto barato para a igualdade e a inclusão da cidadania. Eu estou longe de poder expressar isso melhor que Martin Luther King, quando disse: Quando se segregam as pessoas, inevitavelmente, se discrimina contra essas pessoas. O que temos no Canadá é multisegregação de facto, e, infelizmente, de jure. Multi-Culturalism or Multi-Segregation? by Rocco Galati
May 16, 2005 The word "multiculturalism" evokes, in Toronto, images of a sausage-fest on College Street's "Little Italy," or a Souvlaki-fest on the Danforth's "Greek Town," Kebob-fests on Gerrard Street's South Asian Quarter, or any of the other food-fests, dance-fests, and bikini contests, on selected steamy summer days. But while you eat to the sub-standard musical bands, and their even worse tunes, do not entertain any legal, cultural, or political notions of "multiculturalism." They do not exist. The political, cultural, and legal parameters of "multiculturalism" come down to this: Anglo-Saxons (philes) and "Pure Wool" Quebecois are a superior animal to everyone else, including native Canadians, and the rest of us can "enjoy" and "celebrate" our "multiculturalism." So, while you are chomping down on a sausage, souvlaki, chapatti, or kebob, during one of these fests, try and digest a bit of politics and law. In 1982, when the Charter of Rights was enacted, s. 27 was included and it reads: This Charter shall be interpreted in a manner consistent with the preservation and enhancement of the multicultural heritage of Canadians. Does this mean a right to public funding of non-denominational schools other than those of the Anglo and Franco majorities? No. The Supreme Court of Canada slammed that door. Only the two superior races have those language rights. Does it mean funding of hospitals, which serve "multiculturalism"? No. French-speaking hospitals have the right say the Courts, and obviously the rest will be English. Does it mean any proportionate airtime on the publicly funded CBCs, TVOs, and other public airwaves? Not a chance. You have to struggle for "private" CRTC licenses. Does it mean representative judicial or civil servant appointments? Burst a hernia laughing at that notion. No more than 1.7% of all upper Federal civil servants are of non-Anglo or non-Franco origin. The federal judiciary is no more racially integrated than was South Africa's under Apartheid. There are no non-white judges at the Supreme Court of Canada, Federal or Tax Courts of Canada. Pushers of multiculturalism will point to the rare, token, too often conservative appointments, which serve the master races, as the opiate of success. The numeric and demographic sobriety and cold turkey tells a different story. This "multiculturalism" sees the cultural descendants of Caesar, Da Vinci, Michelangelo, Galileo, Meucci, Marconi and Fermi relegated to serving sausage on College Street, and the cultural descendants of Aristotle, Plato, Socrates, the Souvlaki on the Danforth, and the Indo and Arab races, who gave us, amongst other things the zero, mathematics, and our entire western cultural legacy back in the Middle Ages, by translating from Arabic what we had burnt and lost in Latin and Greek, are in turn busy fending off the envelope of "terrorism." It does not stop there; the superior races of this country will not even leave history alone. Thus the likes of Cristoforo Colombo, Giovanni Cabotto are anglicized into the "John Cabots" of ethnically cleansed Canadian history. A Da Vinci exhibit, at Montreal's premier museum was entitled, "Selected works of Leonard De Vince." Vancouver archivists, in the 1930s, changed Spanish and Portuguese names and references into English in homage to Lord Vancouver. Canadians, notwithstanding resolutions #269 on September 25th, 2001, passed the US Congress, recognizing Antonio Meucci as the inventor of the telephone, years before Bell, still go on with Graham Bell in the greatest Canadian contest as the inventor of the telephone. The list goes on. And what about business, is multiculturalism good for business? You bet'ya. But whose business? Consider that, in Canada, the civil service is the biggest employer. Government has become the biggest business. So are government contracts. Which mouths of our multicultural society receive the biggest slices of the government? The ghettoization of multiculturalism benefits the two racial and racist elites of Canada. It also benefits the very small number of "multiculturalism" brothels, which extol the virtues of this nonsense for their own limited financial gain to the detriment of the equality and dignity of the rest of us. These cultural collaborators who spread their wallets, sometimes unaware of the damage, are completely ignorant of the history of "multiculturalism" is a recent, post WWII phenomenon, continues on. The business of "multiculturalism" is also good for big business. So multinational food companies advertise inedible pizza sold by a handful of counterfeit wise guys. Hate propaganda that appeals to non-Italians, all in pursuit of a bigger market-share. Fast-food chains now peddle the "ethnic" food as their own. This is another feature of multiculturalism: bring us your money, your talent, and your best products and we'll make them ours. But don't ask for anything in exchange. Do not ask for any semblance of equality or dignity when it comes to substantive rights to opportunity, government service, or institutional inclusion. For "multiculturalism" to work, all members of all cultures must enjoy an equal footing. Not just two select races who obtained it through military aggression, ethnic domination and near-cultural genocide. But then again if we were all treated equally the very notion would necessarily disappear. While we can talk about multiculturalism on a planetary scale, it is nonsense to do so within a polity that institutionally, constitutionally, and historically demands recognition of two superior races. Thus, it only makes any sense when multiculturalism is the bone thrown to us dogs by the English and French masters. With that bone comes the super myth that multiculturalism equals mutual tolerance. A closer examination is that it is a mutual and exclusive ghettoization, which is now moving towards blatant institutional segregation through such things as Sharia Courts, a private "multicultural alternative" to the "public" Courts. What is "public" is Anglo and Franco, what is "private," in the name of "multiculturalism/" is everything else splintered and denigrated on race, religion and language. This limited, exaggerated and homogenously insulting stereotype, permitted by the two superior races, is what you see on the streets during the food and dance fests. It is so because it is palatable to such a reptilian view of who we are. They ignore and stifle the scientists, inventors, architects, writers, and jurists amongst us, and our accomplishments. As a constitutional lawyer, the notion of "multiculturalism" as it has been peddled, abused, exploited by the ruling elites, and tolerated and propagated by the courts, is not only heart-burning but also constipating. I have neither the time nor tolerance for such a divisively stifling and colonizing doctrine that belongs in the Victorian age. As a vegetarian, I have just as little taste or palate for sausage, souvlaki, or kebobs. I would have thought food and dance is celebrated in the banquet and dance hall, not in the streets as a cheap substitute for equally and inclusion of citizenship. I cannot come close to putting it better than Martin Luther King when he said: When you segregate a people, you inevitably discriminate against that people. What we have in Canada is multisegregation de facto, and regrettably de jure.
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