A bomba especulativa

 

 


Franco Pantarelli
Il Manifesto
30 de julho de 2003

Tradução Imediata

O Pentágono, através de sua agência de criativos — a Darpa — pariu a sua última loucura: uma lista de ‘futuros’ com a qual se "joga" na previsão de atentados, homicídios de figuras políticas e desgraças naturais de natureza variada. Com o objetivo de implantar uma "objetividade" de mercado a serviço da política externa dos Estados Unidos. Mas, depois de vinte-quatro horas de polêmicas, a hipótese foi reprovada pela Casa Branca.

A Cia não funciona, as outras agências de espionagem "não se comunicam entre si", então o que fazer para se prever com uma boa probabilidade de não cometer erros, onde e quando os terroristas vão cometer seu próximo golpe? Onde achar uma entidade tão superior de modo a evitar discussões do tipo urânio da Nigéria e, ao contrário, basear-se unicamente na infinita e objetiva sabedoria? A resposta a essa pergunta, impossível para as mentes simples, foi encontrada por aquele gênio que é o almirante John Poindexter — ex-conselheiro para a segurança nacional do governo de Ronald Reagan, ex-acusado pelo escândalo Iran-contra, ex-condenado por ter mentido ao Congresso e ex-absolvido, não por não ter mentido, mas porque enquanto mentia, afirmou-se posteriormente que gozava de imunidade - cuja mente, ao contrário, é fertilíssima. Aquela entidade superior, explicou, com o ar de quem detém o segredo do ovo de Colombo, é o mercado. Assim, das alturas do cargo que hoje ocupa — porque se com George Bush pai foi perdoado, com George Bush filho foi premiado — isto é, ocupa o cargo de diretor da Darpa, acrônimo de Defense Advance Research Projects Agency, a entidade encarregada dos projetos de pesquisa avançados no campo da defesa, decidiu lançar o PAM, que é o Policy Analysis Market (Mercado de Análise Política). Na prática, trata-se de criar (com a módica despesa de 8 milhões de dólares), um lugar onde quem tem dinheiro possa investir, não em um certo título da bolsa, mas na probabilidade de ocorrência de um evento — um ataque terrorista, justamente, ou o assassinato de um líder político, ou a queda de um regime, etc… - contando com a sua efetiva ocorrência. Em outras palavras, aqueles que tivessem investido na destruição das Torres Gêmeas, hoje estariam milionários, na companhia de outros ricaços que tivessem apostado na queda de Saddam Hussein, alcançados em localidades exclusivas pelo jet set dos últimos novos ricos, aqueles que tivessem apostado na morte dos filhos do ditador iraquiano (os próximos candidatos a ricos poderiam ser aqueles que apostam na morte ou captura do próprio Saddam, mas a abertura do novo mercado está prevista somente para o dia 1º de outubro e — considerando os anúncios contínuos de que "ele nos estaria escapando" — poderíamos não chegar lá antes do tempo).

O conceito de base, como explica tranqüilamente o Pentágono em uma declaração emitida depois que a questão se tornou pública, está no fato de que "os mercados são extremamente eficientes e capazes de agregar imediatamente informações ainda dispersas ou até mesmo escondidas". E, particularmente os mercados de futuros "demonstraram a própria habilidade de prever até mesmo coisas como os resultados das campanhas eleitorais, resultando com freqüência mais corretos do que os analistas especializados". Na prática, o investidor deveria "registrar-se" numa conta do site www.policyanalysis.org destinado a permanecer rigorosamente anônimo e depositar um certo montante de dinheiro, ainda não especificado. Naquele ponto, poderia adquirir futuros a partir do próprio computador, relativamente a certos "eventos", cujo "elenco" ainda é desconhecido, mas que, como já se sabe, teria a ver com o Egito, a Jordânia, o Iraque, o Irã, Israel, a Arábia Saudita, a Síria e a Turquia. Para a preparação do elenco de eventos, a Darpa se serviu da Economist Intelligence Unit, ou seja, o serviço de informações gerenciado pelo editorial da revista semanal Economist formado por 500 analistas espalhados em todo o mundo, e que produz análises contínuas sobre 195 países e que é usado pelas grandes companhias para determinar o grau de risco dos próprios investimentos.

O mecanismo para decretar os vencedores e os perdedores entre os investidores do PAM é devidamente explicado pelo senador democrata Ron Wyden, do estado de Oregon, que junto com o deputado Byron Dorgan, do estado da Dakota do Norte, também democrata, publicamente denunciou essa coisa "repugnante e grotesca", usando as palavras deles. " Se alguém acha explica Wyden— que o primeiro-ministro X estiver prestes a ser assassinado, compra os futuros que contemplam o assassinato ao preço de, digamos, 5 centavos para cada título. Em seguida, poderá haver outras pessoas que também acham possível aquele assassinato, e que também comprarão os futuros. À medida em que o número de compradores aumenta, o preço dos futuros aumenta também, de forma que quando aquele primeiro-ministro for efetivamente assassinado, o último preço poderia ter chegado a, por exemplo, 50 centavos. Como o pagamento para quem adivinhou é de 1 dólar, aqueles que compraram o futuro a 5 centavos têm um lucro de 95 por cento, aqueles que compraram o futuro a 50 centavos têm um lucro de 50 por cento".

Mas, naturalmente, a compra e a venda daqueles futuros pode ocorrer a qualquer momento, bem antes de que o evento ocorra (e isso se o evento ocorrer realmente), e assim com relação ao possível assassinato do primeiro-ministro X, podem ser criados no decorrer do tempo movimentos de touro (corrida para a compra, se houver a sensação de que o assassinato ocorrerá realmente), ou de urso (precipitação de venda, caso o assassinato pareça remoto ou quase impossível). E aqui está a eficácia mercantil identificada por John Poindexter. A abordagem do mercado do touro ou do urso sobre aquele evento em particular — diz, basicamente, o gênio — acaba construindo um "indicador" para a Casa Branca sobre aquilo que está para acontecer; na opinião dele muito mais eficaz do que os "briefings" que George Bush recebe a cada manhã da CIA e do FBI, e que impressionaram tanto Berlusconi quando, durante a sua recente viagem-prêmio a Crawford, teve a permissão de assistir a um dos mesmos.

Há, contudo, uma série de problemas, além do fato de que "o povo americano quer que o seu governo use os próprios recursos para aumentar a sua segurança, e não para apostar na mesma", como dizem Wyden e Dorgan em uma carta cheia de indignação enviada a Poindexter. Por exemplo, há o problema de que "os terroristas são, de fato, encorajados a entrar naquele mercado para obterem uma vantagem financeira, apostando em seus próprios projetos ou para desviarem a atenção das autoridades americanas apostando em projetos que eles não têm nenhuma intenção de colocar em prática", argumentam os dois parlamentares na carta; ou o problema de que uma coisa desse tipo possa até "constituir um incentivo para que ocorram atos terroristas", como afirmou o líder dos democratas Tom Daschle. De fato, é evidente que se alguém investir na possibilidade de que uma bomba vai explodir em um certo lugar, se ela decidir não explodir, o investidor poderia se sentir tentado de "ajudá-la" a explodir.

A própria Darpa, bondade dela, mostrou que está pensando em problemas similares. Alguém declarou: "Será que os investidores continuarão a participar do mercado, quando saberão que as autoridades utilizarão o mesmo para prevenir ataques terroristas?" Outra pergunta: "Será que esse mercado poderia vir a ser manipulado pelos nossos inimigos?" Mas essa pergunta não foi respondida. Agora, a pergunta que mais está circulando em Washington é bem outra: "Será que algo tão sério como a segurança pode ser confiado a pessoas como John Poindexter, que já teve reprovado o seu projeto de impor o registro de todos os cidadãos dos EUA?" Dúvidas tão bem fundamentadas que o projeto caiu por terra em 24 horas: ontem à noite, o sub-secretário Paul Wolfowitz declarou que "o projeto será terminado; eles foram um pouco longe demais com a imaginação". Agora resta esperar qual será a próxima invenção dos gênios da Darpa.

La bomba speculativa

Il Pentagono, tramite la sua agenzia di creativi - il Darpa - partorisce la sua ultima follia: un listino di futures con cui si ´giocaª sulla previsione di attentati, omicidi di uomini politici, disgrazie internazionali di varia natura. Allo scopo di mettere ´l'oggettivitઠdel mercato al servizio della politica estera degli Stati uniti. Ma dopo ventiquattr'ore di polemiche l'ipotesi viene bocciata dalla Casa bianca

FRANCO PANTARELLI

NEW YORK

Il Manifesto 30 luglio 2003

La Cia non funziona, le altre agenzie di spionaggio ´non parlano fra loroª, che fare per prevedere con una buona possibilità di non sbagliare dove e quando i terroristi colpiranno ancora? Dove trovare un'entità tanto superiore da starsene fuori da beghe tipo uranio del Niger e basarsi invece unicamente sulla propria infinita, oggettiva saggezza? La risposta a questa domanda, impossibile per le menti semplici, l'ha trovata quel genio dell'ammiraglio John Poindexter - ex consigliere per la sicurezza nazionale di Ronoald Reagan, ex imputato nello scandalo Iran-contras, ex condannato per aver mentito al Congresso ed ex perdonato non perché non avesse mentito ma perché mentre mentiva, si è poi affermato, era sotto immunità - la cui mente invece è fertilissima. Quell'entità superiore, ha spiegato con l'aria di chi possiede il segreto dell'uovo di Colombo, è il mercato. Così, dall'alto della carica che oggi ricopre - perché se con George Bush padre fu perdonato con George Bush figlio è stato premiato - e cioè la carica di capo del Darpa, che sta per Defense Advance Research Projects Agency, l'ente per la ricerca di progetti avanzati nel campo della difesa, ha deciso di lanciare il Pam, che vuol dire Policy Analysis Market. In pratica si tratta di creare (con la modica spesa di 8 milioni di dollari) un luogo in cui chi ha denaro da investire lo punta non su questo o quel titolo di borsa contando su un suo prossimo aumento di valore, bensì su un evento - un attacco terroristico, appunto, oppure l'assassinio di un leader politico, la caduta di un regime, eccetera - contando sul suo avverarsi. Per capirci: coloro che avessero puntato sul crollo delle Torri Gemelle oggi sarebbero dei nababbi in compagnia di altri nababbi che avevano puntato sulla caduta di Saddam Hussein, raggiunti nei luoghi esclusivi del jet set dagli ultimi arrivati, quelli che la propria puntata l'avevano fatta sulla morte dei figli del dittatore iracheno (i prossimi ad arricchire potrebbero essere quelli che puntano sulla morte o la cattura di Saddam medesimo, ma l'apertura del nuovo mercato è prevista solo per il Primo ottobre e - stando ai continui annunci di ´stiamo per prenderloª - potrebbero arrivare fuori tempo massimo).

Il concetto base, come spiega tranquillo il Pentagono in una dichiarazione emessa dopo che la faccenda è diventata pubblica, sta nel fatto che ´i mercati sono estremamente efficienti e capaci di aggregare immediatamente informazioni ancora disperse o addirittura nascosteª. E in particolare i mercati dei futures ´hanno dimostrato la loro abilità nel prevedere perfino cose come gli esiti elettorali, risultando spesso più bravi degli esperti analistiª. In pratica l'investitore deve ´registrasiª in un conto sul sito www.policyanalysis.org destinato a restare rigorosamente anonimo e versare una certa somma di denaro ancora non specificata. A quel punto può acquistare dei futures via computer riguardanti alcuni ´eventiª, il cui ´elencoª ancora non si conosce ma si sa che riguarderanno l'Egitto, la Giordania, l'Iraq, l'Iran, Israele, l'Arabia Saudita, la Siria e la Turchia, ed anche che per prepararli il Darpa si è servito dell'Economist Intelligence Unit, cioè un servizio di informazioni gestito dall'editore del settimanale Economist formato da 500 analisti sparsi in tutto il mondo che produce analisi continue analisi su 195 Paesi e che viene usato dalle grandi compagnie per individuare il grado di rischio dei loro investimenti.

Il meccanismo per decretare i vincitori e i perdenti fra gli investitori del Pam viene spiegato compiutamente dal senatore democratico Ron Wyden dell'Oregon, che assieme al deputato Byron Dorgan del North Dakota, anche lui democratico, ha pubblicamente denunciato questa questa cosa ´ripugnante e grottescaª, per usare le loro parole. ´Se uno - spiega Wyden - ritiene che il primo ministro X sia sul punto di essere asassinato, compra le futures che contemplano l'assassinio per esempio a 5 centesimi l'una. In seguito ci possono essere altre persone che ritengono possibile quell'assassinio e comprano anche loro. Man mano che aumentano i compratori il prezzo delle futures aumenta, per cui quando quel primo ministro viene finalmente assassinato l'ultimo prezzo potrebbe essere arrivato, per esempio, a 50 centesimi. Poiché il pagamento per chi ha indovinato è un dollaro, quelli che avevano comprato le futures a 5 centesimi hanno un profitto del 95 per cento, quelli che le avevano comprate a 50 centesimo hanno un profitto del 50 per centoª.

Ma naturalmente l'acquisto e la vendita di quelle futures può avvenire in ogni momento, ben prima che l'evento si verifichi (sempre che ciò accada), per cui nei confronti del possibile assassinio del primo ministro X si possono creare nel corso del tempo movimenti di toro (corsa all'acquisto se si ha l'impressione che l'assassinio stia proprio per avvenire) o di orso (vendita precipitosa nel caso in cui l'assassinio in questione appaia di là da venire o addirittura non più nemmeno probabile). E qui sta proprio l'efficacia mercantile individuata da John Poindexter. L'affacciarsi del toro o dell'orso su quel particolare evento - dice in sostanza il genio - finirà per costituire un ´indicatoreª per la Casa Bianca su ciò che sta per succedere, a suo parere molto più efficace dei ´briefingª che George Bush riceve ogni mattino da Cia e Fbi e che hanno tanto impressionato Berlusconi quando, durante il suo recente viaggio premio a Crawford, gli è stato concesso di assistere a uno di essi.

Ci sono però vari problemi, a parte quello che ´il popolo americano vuole che il suo governo usi le proprie risorse per incrementare la sua sicurezza, non per scommettere si di essaª, come dicono Wyden e Dorgan in una indignata lettera da loro inviata a Poidexter. Per esempio c'è il problema che ´i terroristi sono di fatto incoraggiati a entrare in quel mercato per ottenere un vantaggio finanziario scommettendo sui loro stessi progetti o per fuorviare l'attenzione delle autorità americane scommettendo su progetti che non hanno nessuna intenzione di mettere in praticaª, spiegano sempre i due parlamentari nella loro lettera; oppure il problema che una cosa del genere può addirittura ´costituire un incentivo al verificarsi di atti terroristiciª, come ha sostenuto il capo dei senatori democratici Ton Daschle. E' infatti evidente che se uno investe sulla possibilità che una bomba esploda in un certo posto e poi quella bomba non si decide a esplodere, potrebbe essere tentato di ´aiutarlaª.

La stessa Darpa, bontà sua, ha mostrato di porsi dei problemi simili. Uno, dice una sua dichiarazione, è: ´Continueranno gli investitori a partecipare al mercato quando sapranno che le autorità lo useranno per prevenire gli atti terroristici?ª. Un altro è: ´Potrebbe questo mercato venire manipolato dai nostri nemici?ª. Poi però non si è risposta ed andata avanti, per cui adesso la domanda che circola di più a Washington è tutta un'altra: ´Può una cosa seria come la sicurezza esere affidata a gente come John Poindexter, cui è stata già bocciato il progetto che prevedeva una schedatura di tutti i cittadini americani?ª Dubbi talmente fondati da affossare il progetto nel giro di 24 ore: ieri sera, dopo una giornata di polemiche il sottosegretario Paul Wolfowitz ha dichiarato che ´il progetto sarà terminato, si sono spinti un po' troppo lontano con l'immaginazioneª. Ora resta da capire cos'altro si inventeranno quei geni della Darpa.

 

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