Declaração de consciência; Not In Our Name — Em nosso nome não!

 

 


Robert Fisk
Notinourname.net

Tradução Imediata

Não permitam que se diga que o povo dos Estados Unidos não fez nada quando o governo do país declarou uma guerra sem limites e instituiu novas e absolutas medidas de repressão.

Os signatários desta declaração conclamam as pessoas dos EUA a resistirem às políticas e à direção política geral que emergiram desde o 11 de setembro de 2001, e que apresentam graves perigos aos povos do mundo todo.

Nós acreditamos que os povos e as nações têm o direito de determinar seus próprios destinos, livres da coerção militar das grandes potências. Nós acreditamos que todas as pessoas detidas ou processadas pelo governo dos Estados Unidos deveriam ter os mesmos direitos de devido processo. Acreditamos que o questionamento, a crítica e a dissidência devem ser valorizados e protegidos. Compreendemos que tais direitos e valores são sempre contestados e que devemos lutar por eles.

Acreditamos que as pessoas de consciência devem assumir responsabilidade pelo que os seus próprios governos fazem — em primeiro lugar, devemos opor a injustiça que é feita em nosso próprio nome. Dessa forma, conclamamos os americanos a RESISTIREM à guerra e à repressão que foi desprendida no mundo pela administração Bush. É injusto, imoral e ilegítimo. Escolhemos fazer causa comum com os povos do mundo.

Nós também vimos chocados os eventos horríveis do 11 de setembro de 2001. Nós também nos condoemos pelos milhares de mortos inocentes e balançamos nossas cabeças diante das terríveis cenas de carnificina — mesmo enquanto nos lembrávamos de cenas similares em Bagdá, na Cidade do Panamá e, há uma geração, no Vietnã. Nós também nos juntamos ao questionamento angustiante de milhões de americanos que se perguntaram porque foi possível ter acontecido uma coisa dessas.

Mas tinha começado o luto, que os mais altos líderes da nação desfraldaram um espírito de vingança. Eles produziram um script simplista do "bem contra o mal" que foi endossado pelos meios de comunicação subservientes e intimidados. Eles nos disseram que fazer perguntas sobre porque esses eventos terríveis tinham acontecido beirava a traição. Não deveria haver qualquer debate. Por definição, não haveria questões políticas ou morais válidas. A única resposta possível teria que ser a guerra no exterior e a repressão no interior do país.

Em nosso nome, a administração Bush, com a quase unanimidade do Congresso, não somente atacou o Afeganistão, como arrogou-se a si e a seus aliados o direito de detonar a força militar em qualquer lugar e a qualquer hora. As repercussões brutais foram sentidas das Filipinas à Palestina, onde os tanques e buldôzeres israelenses deixaram uma trilha terrível de morte e destruição. Agora, o governo prepara abertamente uma declaração de guerra contra o Iraque — um país que não tem qualquer conexão com o horror do 11 de setembro. Que tipo de mundo se tornará esse, onde o governo dos EUA tem carta branca para enviar comandos, assassinos e bombas onde quer que deseje?

Em nosso nome, dentro dos EUA, o governo criou duas classes de pessoas: aquelas para quem os direitos básicos do sistema legal estadunidense são, ao menos, prometidas, e aquelas que agora parecem não ter qualquer tipo de direito. O governo prendeu mais de 1000 imigrantes que estão detidos em local secreto e por tempo indeterminado. Centenas de pessoas foram deportadas e outras centenas estão esmorecendo no cárcere. Isso se parece com os infames campos de concentração para americanos de origem japonesa durante a 2a Guerra Mundial. Pela primeira vez em várias décadas, os procedimentos de imigração discriminam certas nacionalidades, dispensando tratamento desigual.

Em nosso nome, o governo abateu uma mortalha de repressão sobre a sociedade. O porta-voz do Presidente adverte as pessoas para "prestarem atenção no que dizem". Artistas, intelectuais e professores dissidentes acabam tendo seus pontos de vista distorcidos, atacados e suprimidos. O chamado Decreto Patriota — junto com uma gama de medidas similares a nível de governo — dá à polícia novos e avassaladores poderes de busca e captura, supervisionados, quando o são, por procedimentos secretos perante tribunais secretos.

Em nosso nome, o executivo tem firmemente usurpado os papéis e funções das outras esferas de governo. Tribunais militares com relapsas regras de evidência e sem direito de apelo junto aos tribunais normais são instituídos por ordem executiva. Grupos são declarados "terroristas" ao toque da caneta presidencial.

Devemos levar muito a sério os mais altos funcionários governamentais da nação quando nos falam de uma guerra que durará uma geração e quando falam de uma nova ordem doméstica. Estamos sendo confrontados com uma nova política imperial declarada ao mundo e uma política nacional que manufatura e manipula o medo para restringir os direitos.

Há uma trajetória letal aos eventos dos meses passados que deve ser vista pelo que é e opormos resistência. Um demasiado número de vezes na história o povo esperou até que era tarde demais para resistir.

O Presidente Bush declarou: "ou vocês estão do nosso lado, ou estão contra nós". Eis a nossa resposta: Nós nos recusamos a permitir-lhe de falar em nome do povo estadunidense. Não vamos desistir do nosso direito de questionar. Não vamos entregar nossas consciências em troca de uma promessa oca de segurança. Dizemos: NÃO EM NOSSO NOME. Nós nos recusamos a fazer parte dessas guerras e repudiamos qualquer inferência de que essas guerras estejam sendo declaradas em nosso nome ou para o nosso bem estar. Estendemos uma mão àqueles que, no mundo todo, estão sofrendo por causa dessas políticas, e demonstraremos nossa solidariedade em palavras e ações.

Nós que assinamos esta declaração pedimos que todos os americanos se juntem para enfrentar esse desafio. Aplaudimos e apoiamos o questionamento e os protestos que estão ocorrendo agora, embora reconheçamos a necessidade de muito, muito mais para realmente parar com esse jaganata. Os reservistas israelenses que, com grande risco pessoal, declararam que "HÁ um limite" e se recusaram de servir nas terras ocupadas da Cisjordânia e Gaza, são uma fonte de inspiração para nós.

Também nos inspiram os vários exemplos de resistência e consciência do passado dos EUA: daqueles que lutaram contra a escravidão com rebeliões e as ferrovias clandestinas a aqueles que desafiaram a guerra do Vietnã, recusando-se a obedecer ordens, resistindo ao alistamento compulsório e permanecendo solidários com relação aos resistentes.

Não permitamos que o mundo, que hoje nos observa, se desespere pelo nosso silêncio e nossa falta de ação. Ao invés, façamos que o mundo ouça nossa promessa solene: resistiremos à máquina da guerra e à repressão e encorajaremos outras pessoas a fazerem todo o possível para detê-las.

Primeiros signatários ...

Michael Albert

Laurie Anderson

Edward Asner, ator

Russell Banks, escritor

Jessica Blank, atriz/dramaturga

Medea Benjamin, Global Exchange

William Blum, autor

Theresa Bonpane, diretora executiva, Office of the Americas

Blase Bonpane, diretor, Office of the Americas

Henry Chalfant, autor/cineasta

Bell Chevigny, escritor

Paul Chevigny, professor de Direito, NYU

Stephanie Coontz, historiadora, Evergreen State College

Kia Corthron, dramaturga

Kevin Danaher, Global Exchange

Ossie Davis

Mos Def

Carol Downer, Diretoria, Chico (CA) Feminist Women’s Health Center

Eve Ensler

Leo Estrada, UCLA professor, Planejamento Urbano

John Gillis, escritor, professor de História, Rutgers

Jeremy Matthew Glick, editor de Um Outro Mundo É Possível

Suheir Hammad, escritor

Rakaa Iriscience, artista hip hop

Eric Jensen, ator/dramaturgo

Casey Kasem

Robin D.G. Kelly

Martin Luther King III, presidente, Southern Christian Leadership Conference

Barbara Kingsolver

C. Clark Kissinger, Refuse & Resist!

Jodie Kliman, psicóloga

Yuri Kochiyama, ativista

Tony Kushner

James Lafferty, diretor executivo, National Lawyers Guild/L.A.

Rabbi Michael Lerner, editor, TIKKUN Magazine

Barbara Lubin, Middle East Childrens Alliance

Staughton Lynd

Anuradha Mittal, co-diretor, Institute for Food and Development Policy/Food First

Robert Nichols, escritor

Rev. E. Randall Osburn, exec. v.p., Southern Christian Leadership Conference

Grace Paley

Jeremy Pikser, roteirista

Juan Gómez Quiñones, historiador, UCLA

Michael Ratner, presidente, Center for Constitutional Rights

Boots Riley, artista hip hop, The Coup

Edward Said

Starhawk

Michael Steven Smith, National Lawyers Guild

Bob Stein, editor

Gloria Steinem

Alice Walker

Naomi Wallace, dramaturga

Rev. George Webber, presidente emérito, NY Theological Seminary

Leonard Weinglass, advogado

John Edgar Wideman

Saul Williams, artista palavra falada

Howard Zinn, historiador

 

As organizações têm somente propósitos de identificação (signatários conforme o dia 1/6/02).

Contate a declaração Not In Our Name no endereço: nionstatement@hotmail.com

 


 

A STATEMENT OF CONSCIENCE

Not In Our Name 

Let it not be said that people in the United States did nothing when their government declared a war without limit and instituted stark new measures of repression.

The signers of this statement call on the people of the U.S. to resist the policies and overall political direction that have emerged since September 11, 2001, and which pose grave dangers to the people of the world.

We believe that peoples and nations have the right to determine their own destiny, free from military coercion by great powers. We believe that all persons detained or prosecuted by the United States government should have the same rights of due process. We believe that questioning, criticism, and dissent must be valued and protected. We understand that such rights and values are always contested and must be fought for.

We believe that people of conscience must take responsibility for what their own governments do -- we must first of all oppose the injustice that is done in our own name. Thus we call on all Americans to RESIST the war and repression that has been loosed on the world by the Bush administration. It is unjust, immoral, and illegitimate. We choose to make common cause with the people of the world.

We too watched with shock the horrific events of September 11, 2001. We too mourned the thousands of innocent dead and shook our heads at the terrible scenes of carnage -- even as we recalled similar scenes in Baghdad, Panama City, and, a generation ago, Vietnam. We too joined the anguished questioning of millions of Americans who asked why such a thing could happen.

But the mourning had barely begun, when the highest leaders of the land unleashed a spirit of revenge. They put out a simplistic script of "good vs. evil" that was taken up by a pliant and intimidated media. They told us that asking why these terrible events had happened verged on treason. There was to be no debate. There were by definition no valid political or moral questions. The only possible answer was to be war abroad and repression at home.

In our name, the Bush administration, with near unanimity from Congress, not only attacked Afghanistan but arrogated to itself and its allies the right to rain down military force anywhere and anytime. The brutal repercussions have been felt from the Philippines to Palestine, where Israeli tanks and bulldozers have left a terrible trail of death and destruction. The government now openly prepares to wage all-out war on Iraq -- a country which has no connection to the horror of September 11. What kind of world will this become if the U.S. government has a blank check to drop commandos, assassins, and bombs wherever it wants?

In our name, within the U.S., the government has created two classes of people: those to whom the basic rights of the U.S. legal system are at least promised, and those who now seem to have no rights at all. The government rounded up over 1,000 immigrants and detained them in secret and indefinitely. Hundreds have been deported and hundreds of others still languish today in prison. This smacks of the infamous concentration camps for Japanese-Americans in World War 2. For the first time in decades, immigration procedures single out certain nationalities for unequal treatment.

In our name, the government has brought down a pall of repression over society. The President’s spokesperson warns people to "watch what they say." Dissident artists, intellectuals, and professors find their views distorted, attacked, and suppressed. The so-called Patriot Act -- along with a host of similar measures on the state level -- gives police sweeping new powers of search and seizure, supervised if at all by secret proceedings before secret courts.

In our name, the executive has steadily usurped the roles and functions of the other branches of government. Military tribunals with lax rules of evidence and no right to appeal to the regular courts are put in place by executive order. Groups are declared "terrorist" at the stroke of a presidential pen. 

We must take the highest officers of the land seriously when they talk of a war that will last a generation and when they speak of a new domestic order. We are confronting a new openly imperial policy towards the world and a domestic policy that manufactures and manipulates fear to curtail rights. 

There is a deadly trajectory to the events of the past months that must be seen for what it is and resisted. Too many times in history people have waited until it was too late to resist.

President Bush has declared: "you’re either with us or against us." Here is our answer: We refuse to allow you to speak for all the American people. We will not give up our right to question. We will not hand over our consciences in return for a hollow promise of safety. We say NOT IN OUR NAME. We refuse to be party to these wars and we repudiate any inference that they are being waged in our name or for our welfare. We extend a hand to those around the world suffering from these policies; we will show our solidarity in word and deed.

We who sign this statement call on all Americans to join together to rise to this challenge. We applaud and support the questioning and protest now going on, even as we recognize the need for much, much more to actually stop this juggernaut. We draw inspiration from the Israeli reservists who, at great personal risk, declare "there IS a limit" and refuse to serve in the occupation of the West Bank and Gaza.

We also draw on the many examples of resistance and conscience from the past of the United States: from those who fought slavery with rebellions and the underground railroad, to those who defied the Vietnam war by refusing orders, resisting the draft, and standing in solidarity with resisters.

Let us not allow the watching world today to despair of our silence and our failure to act. Instead, let the world hear our pledge: we will resist the machinery of war and repression and rally others to do everything possible to stop it.

Initial Signers...

Michael Albert

Laurie Anderson

Edward Asner, actor

Russell Banks, writer

Jessica Blank, actor/playwright

Medea Benjamin, Global Exchange

William Blum, author

Theresa Bonpane, executive director, Office of the Americas

Blase Bonpane, director, Office of the Americas

Henry Chalfant, author/filmmaker

Bell Chevigny, writer

Paul Chevigny, professor of law, NYU

Stephanie Coontz, historian, Evergreen State College

Kia Corthron, playwright

Kevin Danaher, Global Exchange

Ossie Davis

Mos Def

Carol Downer, board of directors, Chico (CA) Feminist Women’s Health Center

Eve Ensler

Leo Estrada, UCLA professor, Urban Planning

John Gillis, writer, professor of history, Rutgers

Jeremy Matthew Glick, editor of Another World Is Possible

Suheir Hammad, writer

Rakaa Iriscience, hip hop artist

Eric Jensen, actor/playwright

Casey Kasem

Robin D.G. Kelly

Martin Luther King III, president, Southern Christian Leadership Conference

Barbara Kingsolver

C. Clark Kissinger, Refuse & Resist!

Jodie Kliman, psychologist

Yuri Kochiyama, activist

Tony Kushner

James Lafferty, executive director, National Lawyers Guild/L.A.

Rabbi Michael Lerner, editor, TIKKUN Magazine

Barbara Lubin, Middle East Childrens Alliance

Staughton Lynd

Anuradha Mittal, co-director, Institute for Food and Development Policy/Food First

Robert Nichols, writer

Rev. E. Randall Osburn, exec. v.p., Southern Christian Leadership Conference

Grace Paley

Jeremy Pikser, screenwriter

Juan Gómez Quiñones, historian, UCLA

Michael Ratner, president, Center for Constitutional Rights

Boots Riley, hip hop artist, The Coup

Edward Said

Starhawk

Michael Steven Smith, National Lawyers Guild

Bob Stein, publisher

Gloria Steinem

Alice Walker

Naomi Wallace, playwright

Rev. George Webber, president emeritus, NY Theological Seminary

Leonard Weinglass, attorney

John Edgar Wideman

Saul Williams, spoken word artist

Howard Zinn, historian

 

Organizations for identification only (signers as of 6/1/02)

Contact the Not In Our Name statement at: nionstatement@hotmail.com

 

 

 

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