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Crime contra a humanidade |
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John Pilger Tradução
Imediata |
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Um produtor de televisão da BBC, momentos antes de ser ferido por um avião de caça dos EUA que matou 18 pessoas em conseqüência de um "fogo amigo", falou com sua mãe através de um telefone via satélite. Segurou o telefone por cima de sua cabeça, de modo que ela pudesse ouvir o som dos aviões americanos, e disse: "Ouça, esse é o som da liberdade".
Será que interpretei essa cena como uma faca de dois gumes? É óbvio, mas será que o homem da BBC estava sendo completamente irônico? Eu duvido, assim como duvido que a pessoa que desenhou a página do Observer das últimas três semanas tinha Joseph Heller em mente quando escreveu o título: "O momento em que o jovem Omar descobriu o preço da guerra". Essas palavras covardes, acompanhadas por uma fotografia de um marine americano se esticando para confortar Omar, menino de quinze anos, depois que o marine acabava de participar de um massacre em massa onde foram assassinados o pai, a mãe, as duas irmãs e o irmão do menino, durante a invasão sem provocação de sua terra natal, em infração contra as mais básicas leis dos povos civilizados. Nenhum epitáfio verdadeiro para eles apareceu no famoso jornal liberal britânico, como por exemplo: "Esse marine americano assassinou a família desse rapaz." Nenhuma foto do pai, mãe, irmãs e irmão de Omar desmembrados e ensangüentados pelo fogo automático. Versões da foto de propaganda do Observer têm aparecido na imprensa anglo-americana desde o início da invasão: suaves camafeus das tropas americanas prestando socorros, de joelhos e auxiliando suas vítimas "liberadas". E onde estavam as fotos da cidade de Furat, onde 80 homens, mulheres e crianças foram detonados até a morte? Com exceção do Mirror, onde estavam as imagens e o texto das crianças apertando as mãos aterrorizadas enquanto os assassinos enviados por Bush forçavam suas famílias a se ajoelharem na rua? Imagine se isso estivesse ocorrendo numa rua britânica. É um vislumbre de fascismo, e nós temos o direito de vê-lo.
"Começar uma guerra de agressão", disseram os juízes durante o julgamento da liderança nazista em Nuremberg, "não é somente um crime internacional; é o crime internacional supremo, diferindo dos outros crimes de guerra somente pelo fato de que contém em si mesmo o mal acumulado do todo". Ao formular esse princípio orientador do direito internacional, os juízes rejeitaram especificamente os argumentos alemães da "necessidade" de ataques preventivos contra outros países.
Nada que fizerem Bush ou Blair, suas bandas atiradoras de bombas de fragmentação e suas cortes midiáticas, vai mudar a verdade de seu incrível crime no Iraque. É uma questão de registro histórico, compreendido pela maioria da humanidade, mesmo que não o seja por aqueles que reivindicam estarem falando por "nós". Como falou Denis Halliday, em relação ao embargo contra o Iraque, isso irá "abatê-los nos livros de história". Foi Halliday quem, na qualidade de secretário geral assistente das Nações Unidas, estabeleceu o programa "petróleo por comida" no Iraque, em 1996, tendo concluído imediatamente que a ONU tinha se tornado um instrumento de "ataque genocida contra toda uma sociedade". Ele resignou em protesto, e foi o seu sucessor, Hans von Sponeck, que descreveu "a vergonhosa e perversa punição de uma nação".
Eu mencionei esses dois homens com freqüência, nestas páginas, em parte porque seus nomes e seus testemunhos foram evaporados da maioria da mídia. Lembro-me de Jeremy Paxman berrando com Halliday no programa Newsnight, pouco depois de sua resignação: "Então você está justificando o Saddam Hussein?" Isso ajudou a definir o tom que esse travesti de jornalismo de hojeem dia, diariamente, quase alegremente, trata da guerra criminal, como se fosse um esporte. Num e-mail que acabou vazando, Roger Mosey, diretor da BBC Television News, descreveu a cobertura de guerra da BBC como "extraordinária" é quase como a Copa do Mundo, quando você vai de Um Qasr para outro teatro de guerra em outro lugar e você troca de uma batalha para outra."
Ele está falando de matança. É isso que os americanos estão fazendo, e ninguém fala nisso, mesmo quando são jornalistas que estão sendo assassinados. Eles trazem para esse ataque unilateral contra um povo enfraquecido e praticamente indefeso a mesma intenção racista, homicida que eu testemunhei no Vietnã, onde eles tinham todo um programa de matança chamado Operation Phoenix. Isso ocorre em todas as guerras deles, assim como acontece dentro da própria sociedade dividida deles. Vejam só o ataque atual. No último final de semana, uma coluna de seus tanques penetrou heroicamente em Bagdá e se retirou. Eles assassinaram pessoas ao longo do caminho.
Eles destroçaram os membros de mulheres e os crânios de crianças. Ouçam as vozes deles no videoteipe não editado e que não foi transmitido: "A gente acabou com eles." Suas vítimas sobrelotam os morgues e os hospitais hospitais já sem medicamentos e analgésicos devido à recusa deliberada dos EUA de liberar os US$ 5,4 bilhões para ajuda humanitária, já aprovada pelo Conselho de Segurança e já paga pelo Iraque. Os gritos das crianças submetidas a amputações praticamente sem analgésicos se qualificam como "o som da liberdade" do homem da BBC.
Heller apreciaria os shows paralelos. Tomem o piloto do helicóptero britânico, por exemplo, em contenda com o americano que quase atirou nele. "Mas você não sabe que os iraquianos não têm força aérea?" gritou ele. Será que esse piloto refletiu na verdade que acabava de proferir, em todo esse empreendimento louco contra um enfraquecido país do terceiro mundo, e qual seria a sua parte nesse crime? Eu duvido. Os britânicos se saíram os mais hábeis em delírio e mentira. Por qualquer padrão, a resistência iraquiana à máquina high-tech anglo-americana foi heróica. Com velhos tanques e morteiros, pequenas armas e emboscadas desesperadas, fizeram os americanos se tomarem de pânico e reduziram a classe militar britânica a uma de suas especialidades a falsa altivez.
Os iraquianos que lutam são "terroristas", "bandidos", "bolsos de fiéis do Partido Ba'ath", "kamikazes" e "feds" (fedayeen). Eles não são pessoas reais: pessoas cultas e instruídas. São árabes. Esse vocabulário de desonra foi fielmente papagaiado por aqueles que desfrutam do espetáculo dentro de suas cabinas de transmissão. "O que você acha de Basra?" perguntou o apresentador do programa Today ao ex-general incorporado ao estúdio. "É muito encorajante, não é mesmo?" respondeu ele. A excitação dos dois, assim como suas teimosas vozes, são o laço que os unem.
No mesmo dia, numa carta ao Guardian, Tim Llewellyn, um ex-correspondente da BBC no Oriente Médio, revelou-nos a realidade dessa "tão encorajante" verdade no Sky News, fotos da esquadra de soldados britânicos esmagando o que estava em seu caminho em direção à casa de uma família de Basra, apontando seus fuzis a uma mulher e empurrando, encapuzando e algemando os jovens rapazes, um dos quais tremia de terror. "Será que a Grã-Bretanha está liberando Basra, levando embora prisioneiros políticos e, nesse caso, com base em que tipo de inteligência, haja visto a falta de familiaridade com esse território e seus habitantes O mínimo que essa feia demonstração fará é lembrar aos árabes e muçulmanos do mundo todo sobre os dois pesos e duas medidas anglo-saxônicas nós podemos mostrar os prisioneiros deles em posições degradantes, mas que eles ousem só mostrar os nossos."
Roger Mosey diz que o sofrimento de Um Qasr é "como a Copa do Mundo". Há 40.000 pessoas em Um Qasr; refugiados desesperados estão inundando os hospitais. Toda essa miséria é devida inteiramente à invasão da "coalizão e ao assédio britânico, que forçou as Nações Unidas a retirar sua equipe de ajuda humanitária. A Cafod, organização católica de assistência, diz que a quota humanitária padrão para emergência em casos de falta de água é de 20 litros por dia para cada pessoa.
A Cafod reporta hospitais inteiramente sem água e pessoas que bebem de poços contaminados. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 1,5 milhões de pessoas no sul do Iraque estão sem água, e as epidemias são inevitáveis. E o que será que "nossos rapazes" estão fazendo para aliviar a situação, além de encenar ocupações infantis e teatrais de palácios presidenciais, disparar seus mísseis portáteis na população civil de uma cidade e lançar bombas de fragmentação?
Um coronel britânico lamenta com o seu bando "incorporado" que "é difícil distribuir auxílio numa área que é ainda uma zona ativa de batalha". A lógica de suas próprias palavras o tornam ridículo. Se o Iraque não fosse uma zona de batalha, se os britânicos e os americanos não estivessem desafiando o direito internacional, não haveria dificuldades para prestar o auxílio em questão.
Há algo especialmente repugnante na lúgubre propaganda que vem desses oficiais britânicos treinados em relações públicas, que não têm qualquer idéia a respeito do Iraque e do seu povo. Eles descreve a liberação que estão trazendo como "a pior tirania do mundo", como se o resto, incluindo a morte por uma bomba de fragmentação ou por disenteria, fosse melhor do que "a vida sob Saddam". A verdade incoveniente é que, segundo a UNICEF, os membros do partido Ba'ath construíram o sistema de saúde mais moderno do Oriente Médio.
Ninguém põe em dúvida a natureza sinistra e totalitária do regime, mas Saddam Hussein foi cuidadoso em usar a riqueza proveniente do petróleo para criar uma sociedade secular moderna e uma ampla e próspera classe média. O Iraque era o único país árabe com um nível de abastecimento de água potável de cerca de 90 por cento e educação gratuita. Tudo isso foi esmagado pelo embargo anglo-americano. Quando o embargo foi imposto, em 1990, o serviço civil iraquiano organizou um sistema de distribuição de alimentos que a FAO descreveu como "um modelo de eficiência que, sem dúvida, evitou a fome no Iraque". Isso também foi destroçado quando a invasão foi lançada.
Porque os britânicos ainda não explicaram as razões pelas quais suas tropas têm que usar vestimentas protetoras quando vão recuperar os mortos e os feridos nos veículos atingidos pelo "fogo amigo" americano? A razão é que os americanos estão usando urânio sólido como revestimento de seus mísseis e tanques. Quando eu me encontrava no sul do Iraque, os médicos estimaram um aumento de sete vezes nos casos de câncer, nas áreas onde foi utilizado urânio enfraquecido pelos americanos e britânicos, durante a guerra de 1991. Sob o embargo subseqüente ao Iraque, ao contrário do Kuait, foi negado o equipamento para a limpeza dos campos de batalha contaminados. Os hospitais de Basra têm pavilhões lotados de crianças com câncer, numa variedade nunca vista antes de 1991. Eles não têm analgésicos fortes; podem se considerar felizardos se conseguirem aspirina.
Com louváveis exceções (Robert Fisk, al-Jazeera), muito pouco foi reportado. Ao invés, a mídia desempenhou o papel que lhe foi pré-ordenado, como "poder soft" imperial da América: raramente identificando o "nosso" crime, ou mentido ao representar a invasão como a luta entre as boas intenções contra a própria encarnação do mal. Esse miserável fiasco profissional e moral sinaliza, agora, os perigos despercebidos de uma vitória tão épica, tão falsa, convidando para uma próxima repetição no Irã, na Coréia, na Síria, em Cuba, na China.
George Bush disse: "Não vai adiantar dizer: Eu estava só cumprindo ordens." Ele tem razão. Os juízes de Nuremberg não deixaram qualquer dúvida sobre o direito do soldado comum de seguir sua própria consciência, numa guerra ilegal de agressão. Dois soldados britânicos tiveram a coragem de apelar alegando objeção de consciência. Eles enfrentam a corte marcial e o encarceramento; entretanto, não foi feita qualquer pergunta sobre eles nos meios de comunicação. George Galloway foi exposto ao ridículo por ter feto as mesmas perguntas que fez Bush e ele e Tam Dalyell, Pai da House of Commons, estão sendo ameaçados pelo Partido Trabalhista.
Dalyell, membro da House of Commons há 41 anos, afirmou que o Primeiro Ministro é um criminoso de guerra que deveria ser mandado para Haia. Isso não é à toa; na evidência de prima facie, Blair é um criminoso de guerra, assim como todos os que foram acessórios, de uma forma ou de outra, e deveriam ser reportados ao Tribunal Penal Internacional. Não somente eles promoveram uma charada de pretextos que poucos agora levam a sério, como também levaram o terrorismo e a morte ao Iraque.
Um crescente corpo de opiniões legais em todo o mundo concorda que o novo tribunal tem um dever, como escreveu Eric Herring da Universidade de Bristol, para investigar "não somente o regime, mas também o bombardeio e as sanções da ONU, as quais infringiram os direitos humanos dos iraquianos em ampla escala". A isso, acrescente-se a guerra de pirataria atual, cujo espectro é a unificação do nacionalismo árabe com o Islã militante. O turbilhão provocado por Blair e Bush está só começando. Essa é a amplitude do crime deles.
Crime Against Humanity by John Pilger April 10, 2003 /zmag A BBC television producer, moments before he was wounded by an American fighter aircraft that killed 18 people with "friendly fire", spoke to his mother on a satellite phone. Holding the phone over his head so that she could hear the sound of the American planes overhead, he said: "Listen, that's the sound of freedom."
Did I read this scene in Catch-22? Surely, the BBC man was being ferociously ironic. I doubt it, just as I doubt that whoever designed the Observer's page three last Sunday had Joseph Heller in mind when he wrote the weasel headline: "The moment young Omar discovered the price of war". These cowardly words accompanied a photograph of an American marine reaching out to comfort 15-year-old Omar, having just participated in the mass murder of his father, mother, two sisters and brother during the unprovoked invasion of their homeland, in breach of the most basic law of civilised peoples.
No true epitaph for them in Britain's famous liberal newspaper; no honest headline, such as: "This American marine murdered this boy's family". No photograph of Omar's father, mother, sisters and brother dismembered and blood-soaked by automatic fire. Versions of the Observer's propaganda picture have been appearing in the Anglo-American press since the invasion began: tender cameos of American troops reaching out, kneeling, ministering to their "liberated" victims.
And where were the pictures from the village of Furat, where 80 men, women and children were rocketed to death? Apart from the Mirror, where were the pictures, and footage, of small children holding up their hands in terror while Bush's thugs forced their families to kneel in the street? Imagine that in a British high street. It is a glimpse of fascism, and we have a right to see it.
"To initiate a war of aggression," said the judges in the Nuremberg trial of the Nazi leadership, "is not only an international crime; it is the supreme international crime differing only from other war crimes in that it contains within itself the accumulated evil of the whole." In stating this guiding principle of international law, the judges specifically rejected German arguments of the "necessity" for pre-emptive attacks against other countries.
Nothing Bush and Blair, their cluster-bombing boys and their media court do now will change the truth of their great crime in Iraq. It is a matter of record, understood by the majority of humanity, if not by those who claim to speak for "us". As Denis Halliday said of the Anglo-American embargo against Iraq, it will "slaughter them in the history books". It was Halliday who, as assistant secretary general of the United Nations, set up the "oil for food" programme in Iraq in 1996 and quickly realised that the UN had become an instrument of "a genocidal attack on a whole society". He resigned in protest, as did his successor, Hans von Sponeck, who described "the wanton and shaming punishment of a nation".
I have mentioned these two men often in these pages, partly because their names and their witness have been airbrushed from most of the media. I well remember Jeremy Paxman bellowing at Halliday on Newsnight shortly after his resignation: "So are you an apologist for Saddam Hussein?" That helped set the tone for the travesty of journalism that now daily, almost gleefully, treats criminal war as sport. In a leaked e-mail Roger Mosey, the head of BBC Television News, described the BBC's war coverage as "extraordinary - it almost feels like World Cup football when you go from Um Qasr to another theatre of war somewhere else and you're switching between battles".
He is talking about murder. That is what the Americans do, and no one will say so, even when they are murdering journalists. They bring to this one-sided attack on a weak and mostly defenceless people the same racist, homicidal intent I witnessed in Vietnam, where they had a whole programme of murder called Operation Phoenix. This runs through all their foreign wars, as it does through their own divided society. Take your pick of the current onslaught. Last weekend, a column of their tanks swept heroically into Baghdad and out again. They murdered people along the way.
They blew off the limbs of women and the scalps of children. Hear their voices on the unedited and unbroadcast videotape: "We shot the shit out of it." Their victims overwhelm the morgues and hospitals - hospitals already denuded of drugs and painkillers by America's deliberate withholding of $5.4bn in humanitarian goods, approved by the Security Council and paid for by Iraq. The screams of children undergoing amputation with minimal anaesthetic qualify as the BBC man's "sound of freedom".
Heller would appreciate the sideshows. Take the British helicopter pilot who came to blows with an American who had almost shot him down. "Don't you know the Iraqis don't have a fucking air force?" he shouted. Did this pilot reflect on the truth he had uttered, on the whole craven enterprise against a stricken third world country and his own part in this crime? I doubt it. The British have been the most skilled at delusion and lying. By any standard, the Iraqi resistance to the high-tech Anglo-American machine was heroic. With ancient tanks and mortars, small arms and desperate ambushes, they panicked the Americans and reduced the British military class to one of its specialities - mendacious condescension.
The Iraqis who fight are "terrorists", "hoodlums", "pockets of Ba'ath Party loyalists", "kamikaze" and "feds" (fedayeen). They are not real people: cultured and cultivated people. They are Arabs. This vocabulary of dishonour has been faithfully parroted by those enjoying it all from the broadcasting box. "What do you make of Basra?" asked the Today programme's presenter of a former general embedded in the studio. "It's hugely encouraging, isn't it?" he replied. Their mutual excitement, like their plummy voices, are their bond.
On the same day, in a Guardian letter, Tim Llewellyn, a former BBC Middle East correspondent, pointed us to evidence of this "hugely encouraging" truth - fleeting pictures on Sky News of British soldiers smashing their way into a family home in Basra, pointing their guns at a woman and manhandling, hooding and manacling young men, one of whom was shown quivering with terror. "Is Britain 'liberating' Basra by taking political prisoners and, if so, based on what sort of intelligence, given Britain's long unfamiliarity with this territory and its inhabitants . . . The least this ugly display will do is remind Arabs and Muslims everywhere of our Anglo-Saxon double standards - we can show your prisoners in . . . degrading positions, but don't you dare show ours.".
Roger Mosey says the suffering of Um Qasr is "like World Cup football". There are 40,000 people in Um Qasr; desperate refugees are streaming in and the hospitals are overflowing. All this misery is due entirely to the "coalition" invasion and the British siege, which forced the United Nations to withdraw its humanitarian aid staff. Cafod, the Catholic relief agency, which has sent a team to Um Qasr, says the standard humanitarian quota for water in emergency situations is 20 litres per person per day.
Cafod reports hospitals entirely without water and people drinking from contaminated wells. According to the World Health Organisation, 1.5 million people across southern Iraq are without water, and epidemics are inevitable. And what are "our boys" doing to alleviate this, apart from staging childish, theatrical occupations of presidential palaces, having fired shoulder-held missiles into a civilian city and dropped cluster bombs?
A British colonel laments to his "embedded" flock that "it is difficult to deliver aid in an area that is still an active battle zone". The logic of his own words mocks him. If Iraq was not a battle zone, if the British and the Americans were not defying international law, there would be no difficulty in delivering aid.
There is something especially disgusting about the lurid propaganda coming from these PR-trained British officers, who have not a clue about Iraq and its people. They describe the liberation they are bringing from "the world's worst tyranny", as if anything, including death by cluster bomb or dysentery, is better than "life under Saddam". The inconvenient truth is that, according to Unicef, the Ba'athists built the most modern health service in the Middle East.
No one disputes the grim, totalitarian nature of the regime; but Saddam Hussein was careful to use the oil wealth to create a modern secular society and a large and prosperous middle class. Iraq was the only Arab country with a 90 per cent clean water supply and with free education. All this was smashed by the Anglo-American embargo. When the embargo was imposed in 1990, the Iraqi civil service organised a food distribution system that the UN's Food and Agriculture Organisation described as "a model of efficiency . . . undoubtedly saving Iraq from famine". That, too, was smashed when the invasion was launched.
Why are the British yet to explain why their troops have to put on protective suits to recover dead and wounded in vehicles hit by American "friendly fire"? The reason is that the Americans are using solid uranium coated on missiles and tank shells. When I was in southern Iraq, doctors estimated a sevenfold increase in cancers in areas where depleted uranium was used by the Americans and British in the 1991 war. Under the subsequent embargo, Iraq, unlike Kuwait, has been denied equipment with which to clean up its contaminated battlefields. The hospitals in Basra have wards overflowing with children with cancers of a variety not seen before 1991. They have no painkillers; they are fortunate if they have aspirin.
With honourable exceptions (Robert Fisk; al-Jazeera), little of this has been reported. Instead, the media have performed their preordained role as imperial America's "soft power": rarely identifying "our" crime, or misrepresenting it as a struggle between good intentions and evil incarnate. This abject professional and moral failure now beckons the unseen dangers of such an epic, false victory, inviting its repetition in Iran, Korea, Syria, Cuba, China.
George Bush has said: "It will be no defence to say: 'I was just following orders.'" He is correct. The Nuremberg judges left in no doubt the right of ordinary soldiers to follow their conscience in an illegal war of aggression. Two British soldiers have had the courage to seek status as conscientious objectors. They face court martial and imprisonment; yet virtually no questions have been asked about them in the media. George Galloway has been pilloried for asking the same question as Bush, and he and Tam Dalyell, Father of the House of Commons, are being threatened with withdrawal of the Labour whip.
Dalyell, 41 years a member of the Commons, has said the Prime Minister is a war criminal who should be sent to The Hague. This is not gratuitous; on the prima facie evidence, Blair is a war criminal, and all those who have been, in one form or another, accessories should be reported to the International Criminal Court. Not only did they promote a charade of pretexts few now take seriously, they brought terrorism and death to Iraq.
A growing body of legal opinion around the world agrees that the new court has a duty, as Eric Herring of Bristol University wrote, to investigate "not only the regime, but also the UN bombing and sanctions which violated the human rights of Iraqis on a vast scale". Add the present piratical war, whose spectre is the uniting of Arab nationalism with militant Islam. The whirlwind sown by Blair and Bush is just beginning. Such is the magnitude of their crime.
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