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MANIFESTAÇÃO EM FRENTE AO CONSULADO ITALIANO DE SÃO PAULO MARCA REVOLTA CONTRA A REPRESSÃO E HOMENAGEM A CARLO GIULIANI |
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Os vários grupos que compõem o Movimento Anti-Globalização de São Paulo cercaram ontem o Consulado Geral da Itália e trancaram com cadeados os portões do casarão situado no nº 436 da avenida Higienópolis. A ação direta em protesto pelo assassinato do jovem Carlo Giuliani, pela invasão do Centro de Mídia Independente e do Fórum Social de Gênova, impediu a entrada e a saída de funcionários no consulado das 15:00 às 18:00 hs. Foi um dia inusitado para a calçada do prédio onde costuma se formar uma enorme fila de descendentes de italianos, que passam a noite para pegar a senha só no dia seguinte. O movimento reuniu-se em frente ao Centro Universitário Maria Antônia, na Consolação, sede da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, e depois de uma rápida assembléia, que contou com a presença do Pe. Júlio Lancellotti, da Pastoral da Criança e do Adolescente, decidiu fazer uma passeata até o Consulado Geral da Itália. Como em outras partes do mundo os manifestantes traçaram à giz a silhueta de um corpo na calçada do consulado, depositaram flores e gritaram: "Somos todos Carlo Giuliani". Cada vez que despontava um funcionário pela porta entreaberta que dá para o interior da casa, os manifestantes aproveitavam para gritar: "Berlusconi, fascista e assassino". A palavra "fascistas" também foi pichada no muro do consulado, assim como o nome Carlo, sobre a placa que identifica o prédio. Durante o ato, o movimento recolheu um abaixo assinado para ser entregue ao cônsul, repudiando a forma pela qual o governo italiano e a polícia receberam os manifestantes em Gênova. O cônsul geral da Itália em São Paulo, Gianluca Cortese, não estava no consulado na tarde de ontem. O cônsul adjunto, Carlo Schilacci, não saiu de dentro da casa durante a manifestação, mas, indiretamente, através do guarda do consulado, chamou três lideranças para uma negociação. O movimento declarou que não havia nada a ser negociado e que estava ali para conduzir um processo pacífico, que visava repudiar os atos de Gênova e esclarecer a população sobre o que havia ocorrido. Um panfleto do Centro de Mídia Independente foi distribuído à população que passava pela avenida Higienópolis. "Polícia Italiana infiltra, provoca, agride, mata e tortura", dizia o boletim, que reproduzia uma foto de policiais italianos vetidos como manifestantes saindo de um quartel em Gênova. Às 18:00 hs em ponto a calçada foi desbloqueada e os funcionários do consulado, ajudados pelo próprio cônsul adjunto, cerraram as correntes, retiraram os cartazes pregados nos portões e deixaram o prédio. Carlo Schilacci, visivelmente desconfortado com a situação, reclamou que não houve aviso prévio sobre o ato. Schilacci disse que só depois de terminado o processo pode-se julgar os atos da polícia italiana. "Não podia deixar que o meu chefe fosse chamado de assassino", afirmou irritado. "Vou fazer um relatório ao governo italiano descrevendo o espírito dos manifestantes e relatando o que ocorreu", concluiu o consul addjunto. Um funcionário que não quis se identificar disse que a situação no interior do consulado estava muito tensa, e que se cogitou pedir à polícia uma ação mais violenta para reprimir a manifestação, que foi considerada um sequestro temporário pela maioria dos empregados do consulado. O funcionário confirmou que alguns colegas se sentiram pessoalmente ofendidos ao serem chamados de fascistas assassinos. "Eles reagiram chamando os jovens de criminosos. Respondi que aqueles garotos podiam ser nossos filhos", contou o funcionário do consulado, explicitamente contrário ao governo Berlusconi.
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