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Tradução
Imediataconsumida
popblicado
no livro " Caos", Editoi Riuniti, Roma, 1999)
Tradução
Mario S. Mieli
Algo
me impede de falar sobre os astronautas. É absurdo para alguém
que tenha uma coluna de atualidades. Vejamos. Nos jornais leio somente
os maiores títulos. Tentei passar a vista nas linhas que
vêm abaixo deles, mas fiquei imediatamente chateado e, em
todo caso, percebi que os artigos não diziam muito mais do
que os próprios títulos. De qualquer forma, a "notícia"
sobre os astronautas e suas façanhas é elementar,
desarticulada. É só uma notícia, apenas isso.
Também com relação às fotos, é
suficiente dar uma olhada. Nunca as observo por mais que um instante.
Num instante vejo tudo. Embora existam certas fotografias, as mais
usuais, que posso ficar observando por alguns minutos (a expressão
esquisita de um rosto, um particular, uma posição
um personagem em segundo plano que mal se entrevê, etc.).
Mas é preciso distingüir as fotografias dos astronautas
durante suas operações no cosmo e as fotografias dos
astronautas em pose para o fotógrafo. Mas a coisa em si não
faz diferença. A primeira olhada instantânea é
suficiente para entender a "realidade" deles no cosmo
e a "realidade" física deles nesta terra.
Esta
rudimentaridade, unidimensionalidade, esquematicidade e, no fundo,
brutalidade, seja da notícia seja da imagem que nos informam
sobre os astronautas, é um pouco parecida com aquela das
imagens dos anúncios publicitários que se vêem
enquanto percorremos uma estrada de carro, com os seus slogans,
seus conselhos, etc.
Como
foi "consumida" depressa a lua. Agora, chegamos até
a esnobá-la. Ao invés de cancelá-la, transcendê-la,
a corrida à lua pôs em evidência a rivalidade
russo-americana. É este, em última análise,
o elemento de maior interesse da questão; o "conteúdo"
que pode nos reter por algum minuto a mais na notícia astronáutica
e na imagem dos astronautas. (Os astronautas americanos não
interessam tanto em si mesmos, quanto em termos de confronto com
os astronautas russos, e vice-versa).
Sobre
a lua, voltaremos (enquanto objeto de conhecimento da opinião
pública). Vamos parar um momento na questão dos astronautas.
A
principal característica deles (iluminada imediatamente por
aquela primeira instantânea olhada de sua imagem fotográfica)
é o fato de serem reconfortantes e um pouco vulgares. Também
com relação a isso as imagens astronáuticas
e as publicitárias se parecem. Esta é, no fundo, a
única coisa que Verne não havia previsto. E que, de
fato, era imprevisível.
As
informações sobre os astronautas são uma absoluta
novidade, é verdade. Assim como a primeira novidade absoluta
que é difundida através das novas técnicas
e em um novo tipo de cultura. Até agora, essas novas técnicas
em um novo tipo de cultura tinham dado informações
sobre coisas, pessoas ou acontecimentos, não digo velhos,
mas ao menos já conhecidos, experimentados, caídos
no domínio da nossa experiência.
O
cosmo, até agora, nunca havia caído no domínio
da nossa experiência: ele cai, passando por um canal de difusão
novo, o qual até agora nos informou sobre coisas clássicas,
como o comer, o beber, o vestir-se, o ler, o aprender, etc.: coisas
clássicas também com aspectos novos.
A
coincidência absoluta entre o acontecimento novo e
a técnica de informação nova pode ser
obtida somente a propósito da astronáutica. Nós
aprendemos as façanhas astronáuticas, não somente
como novidades, portanto, mas também de uma maneira nova;
e cuja novidade se manifesta plenamente, justamente, dando notícias
de um tipo completamente novo.
As
técnicas que difundem as notícias sobre as façanhas
astronáuticas são técnicas típicas da
civilização do consumo, e é nisso que fazem
a primeira tentativa original. Enquanto que, com relação
a todas as outras notícias, somos consumidores ambíguos
ou seja, habituados a uma forma diversa de consumo
pré-consumística dessas notícias astronátuticas
somos, pelo contrário, consumidores absolutos, sem ambiguidade,
sem sobreposições, sem resistência; portanto,
não críticos. O fato de que, por conseguinte, essas
técnicas de informação nos fazem consumir,
são destituídos de mistério, são primários
e ontológicos. Eles estão aí e nós nos
damos conta deles: não existe qualquer outra dificuldade.
Depois, nós nos disponibilizamos imediatamente para esperar
os fatos futuros, mais ou menos iminentes, impacientes de consumi-los.
Comecei
essas observações (algo que raramente me ocorre) sem
saber a que conclusões teria chegado; segui o fio do raciocínio
enquanto ele se fazia, deixando-me quase ser transportado mecanicamente.
De
outra forma que com essa "novidade" que descrevi sumariamente,
não saberia explicar a minha estranheza de velho homem de
um velho mundo, diante de façanhas assim tão "inconsumíveis",
como são as façanhas astronáuticas. Enfim,
entre eu e um rapaz de quinze anos que espera, impaciente
e achando tudo isso extremamente natural que russos ou americanos
desembarquem na lua, não há diferença nenhuma.
A única variante é que eu posso ter saudades de uma
idéia diversa a respeito da lua, e ele não. Mas, é
estranho, na realidade não tenho nenhuma saudade da velha
lua, da lua "dantan". Essa "dupla novidade"
dos eventos e das informações sobre os eventos varreu,
neste campo, qualquer velho hábito. Aqui podemos ver como
se pode ser homens completamente novos, e como todo o passado (com
tudo aquilo que amamos desesperadamente dele) pode, na verdade,
ser um nada.
n.
5 a. XXXI, 1º de fevereiro de 1969
Referências:
Pasolini:
http://www.pasolini.net/
http://pasolini.freeservers.com/nestates.com
http://www.moonestates.com/
La
luna consumata
Qualcosa
mi impedisce di parlare degli astronauti. È assurdo per uno
che tenga una rubrica di attualità. Vediamo. Nei giornali
leggo solo i titoli più grossi. Ho provato a scorrere le
righe che li seguono, ma mi sono immediatamente annoiato, e comunque
mi sono accorto che gli articoli non dicevano molto di più
dei loro titoli. La "notizia" quindi, sugli astronauti
e le loro imprese, è elementare, inarticolata. È una
notizia e basta. Anche alle fotografie è sufficiente unocchiata.
Non le osservo mai più di un istante. In un istante vedo
tutto. Mentre ci sono certe fotografie, le più usuali, che
posso osservare anche per qualche minuto (la espressione strana
di un volto, un particolare, una posizione
un personaggio
in secondo piando che si intravede appena, ecc.). Ma bisogna distinguere
le fotografie degli astronauti durante le loro operazioni nel cosmo
e le fotografie degli astronauti messi in posa per il fotografo.
Ma la cosa in sostanza non cambia. La prima occhiata istantanea
è sufficiente per capire la loro "realtà"
nel cosmo e la loro "realtà" fisica in questa terra.
Questa
rudimentalità, unidimensionalità, schematicità
e, in fondo, brutalità, sia della notizia che dellimmagine
che ci informa sugli astronauti, assomiglia un po a quella
delle immagini dei cartelloni pubblicitari che si vedono correndo
in automobile per una strada, con il loro slogan, le loro raccomandazioni
ecc.
Come
si è "consumata" subito la luna. Ormai, la
snobbiamo. Anziché cancellarla, trascenderla, la corsa alla
luna ha messo in evidenza la rivalità russo-americana. È
questo, tutto sommato, lelemento di maggior interesse nella
cosa; il "contenuto" che può trattenere qualche
minuto in più sulla notizia astronautica e sullimmagine
degli astronauti. (Gli astronauti non interessano tanto in sé,
quanto come termine di confronto con gli astronauti russi, e viceversa).
Sulla
luna, torneremo (in quanto oggetto di conoscenza dellopinione
pubblica). Soffermiamoci ancora un momento sugli astronauti.
La
loro principale caratteristica (chiarita subito da quella prima
istantanea occhiata alla loro immagine fotografica) è quella
di essere rassicuranti e un po volgari. Anche in questo le
immagini astronautiche e quelle pubblicitarie si assomigliano. Questa
è, in fondo, lunica cosa che Verne non aveva preveduto.
E che era infatti imprevedibile.
Le
informazioni sugli astronauti sono una assoluta novità, è
vero. Ma anche la prima assoluta novità che viene diffusa
attraverso delle tecniche nuove e in un nuovo tipo di cultura. Finora
queste tecniche nuove in un nuovo tipo di cultura, avevano dato
informazioni su cose, persone o avvenimenti, non dico vecchi, ma
almeno già conosciuti, sperimentati, caduti sotto il dominio
della nostra esperienza.
Il
cosmo finora non è mai caduto sotto il dominio della nostra
esperienza: ci cade, passando attraverso un canale di diffusione
nuovo, ma che ci aveva finora informati su cose classiche, come
il mangiare, il bere, il vestirsi, il leggere, lapprendere
ecc.: cose classiche anche con aspetti nuovi.
La
coincidenza assoluta tra evento nuovo e tecnica informativa
nuova la si ha soltanto a proposito dellastronautica.
Noi apprendiamo le imprese astronautiche, non solo come novità,
dunque, ma anche in modo nuovo; la cui novità si manifesta
pienamente appunto dando notizie di tipo completamente nuovo.
Le
tecniche che diffondono le notizie sulle impresa astronautiche,
sono tecniche tipiche della civiltà del consumo, e qui fanno
la loro prima prova originale. Mentre di tutte le altre notizie
siamo consumatori ambigui -- abituati cioè a una diversa
forma di consumo
pre-consumistica -- di queste notizie astronautiche
siamo invece consumatori assoluti, senza ambiguità, senza
sovrapposizioni, senza resistenza; quindi, non critici. I fatti
che dunque queste tecniche dinformazione ci fanno consumare,
sono senza mistero, primari e ontologici. Essi ci sono e noi li
apprendiamo: non cè altra difficoltà. Poi ci
disponiamo immediatamente ad attendere i fatti futuri, più
o meno imminenti, impazienti di consumarli.
Ho
cominciato queste osservazioni (cosa che non mi capita mai) senza
sapere a che conclusioni sarei arrivato: ho seguito il filo del
ragionamento nel suo farsi, quasi lasciandomi meccanicamente trasportare.
Altrimenti
che con questa "novità" che ho sommariamente descritto,
non saprei spiegarmi la mia estraneità di vecchio uomo di
un mondo vecchio, di fronte a imprese così "inconsumabili"
come sono le imprese astronautiche. Insomma, tra me e un ragazzo
di quindici anni, che aspetta, impazientito -- e trovando tutto
ciò estremamente naturale -- che russi o americani sbarchino
sulla luna, non cè alcuna differenza. Lunica
variante è che io ho una diversa idea della luna da rimpiangere,
e lui no. Ma strano, in realtà non rimpiango affatto la vecchia
luna, la luna "dantan". Questa "doppia novità"
degli eventi e delle informazioni sugli eventi, ha spazzato via,
in questo campo, qualsiasi vecchia abitudine. Qui si vede come si
può essere uomini completamente nuovi, e come tutto il passato
( con tutto ciò che disperatamente amiamo in esso) può
veramente essere un nulla.
N
5 a. XXXI, 1º febbraio 1969
Riferimenti:
http://www.pasolini.net/
http://pasolini.freeservers.com/
http://www.moonestates.com/
M
<devir>
info@imediata.com
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